A cimeira em Bona terminou com os países a acordarem lançar um processo de "diálogo" de um ano para avaliar o caminho que é necessário percorrer se o mundo quiser reduzir em dois graus o aquecimento, conforme estipulado no Acordo de Paris.
O Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, alcançado em dezembro de 2015 e que entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, estabelece compromissos da comunidade internacional para limitar o aquecimento global a um máximo de 2ºC acima dos valores médios da era pré-industrial.
A generalidade dos estudos científicos considera que se a temperatura global aumentar para valores mais de 2ºC acima dos existentes antes da revolução industrial provocará alterações climáticas severas e irreversíveis.
"Estou muito feliz por anunciar que (este processo) vai começar em janeiro", disse hoje perante a assembleia o presidente da COP23, o primeiro-ministro das ilhas Fiji, Frank Bainimarama.
"A COP (...) decidiu organizar um diálogo facilitador entre partes em 2018, para produzir uma avaliação dos esforços coletivos" levados a cabo para controlar as emissões, refere o texto.
"O diálogo deverá ser construtivo e orientado para as soluções. Não deve levar a discussões conflituosas em que as partes sejam alvo", adverte.Segundo o texto, o diálogo deve ser estruturado em torno de três temas: "onde estamos, onde queremos ir e como podemos fazê-lo".
A ideia é incentivar e ajudar os países a rever, de forma voluntária, os seus compromissos, que nesta fase são insuficientes para controlar o aquecimento global.Caso os compromissos nacionais assumidos em Paris em 2015 fossem implementados, levariam ainda o mundo a um aquecimento de mais de 3°C em comparação com a era pré-industrial.
Na COP24, que vai decorrer na Polónia, em dezembro de 2018, o diálogo dará lugar a uma fase política de nível ministerial.Durante o ano, este diálogo será alimentado pelas contribuições do IPCC, o grupo de cientistas da ONU, e também por todos os tipos de atores envolvidos nas ações climáticas (especialistas, comunidades, empresas).
Além das sessões de negociação do clima patrocinadas pela ONU, incluindo uma próxima sessão agendada para maio de 2018, são encorajados eventos paralelos como reuniões e conferências para partilhar experiências.
O Acordo de Paris, que entra em vigor em 2020, prevê um mecanismo de revisão a cada cinco anos para os compromissos nacionais, com uma primeira revisão obrigatória em 2025.
Este ano será "a última oportunidade" para os países se posicionarem no caminho certo, lembrou o relatório de 2017 da ONU sobre a ação climática global publicado no início deste mês.
Lusa