Uma das conclusões do primeiro estudo de opinião do ICS/ISCTE para o Expresso e a SIC indica que a maioria não quer Galamba no Governo, embora também não defenda eleições antecipadas. O jornalista Bernardo Ferrão destaca que isso mesmo “está à vista de todos”, o ministro está em maus lençóis e as respostas de António Costa deu ao PSD não ajudaram.
“Está à vista de todos, os estragos que o ministro, nomeadamente a sua passagem pela comissão parlamentar de inquérito (CPI) e tudo o que aconteceu naquela noite no Ministério, estão a provocar no próprio João Galamba como na perceção que os portugueses têm do Governo e também de António Costa, que apesar de ter considerado toda a situação deplorável, decidiu manter Galamba [no Governo] para usá-lo quase de uma forma instrumental contra o Presidente da República”, salienta.
O estudo de opinião para o Expresso/SIC confirma aquilo que foi dito ao longo das últimas semanas: João Galamba tem cada vez menos condições para se manter no Executivo e essa posição ficou “ainda mais fragilizada pelas respostas que o primeiro-ministro dá ao PSD”.
Bernardo Ferrão considera que há duas questões em que Costa trama Galamba.
A primeira prende-se com a questão do contacto com o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Nas respostas ao PSD, “António Costa diz que a iniciativa partiu da chefe de gabinete [de João Galamba], portanto não de António Mendonça Mendes, e como foi dela [Eugénia Correia] era irrelevante saber de quem tinha sido a iniciativa, mas ao dizer isto certamente sabia o que Galamba disse na CPI”.
Segundo, nas repostas António Costa diz que a documentação foi classificada pelo gabinete nacional de segurança e que só podia ser acedida por pessoas legalmente credenciadas, "ora segundo João Galamba, Frederico Pinheiro não estava credenciado".
“O que Costa diz, pela segunda vez, é que João Galamba não disse a verdade, pior, permitiu que alguém que não estava credenciado tivesse acesso a documentos classificados. Deixa Galamba em maus lençóis outra vez”, explica.
A verdade é que esta novela é já um “novelo de respostas e mais respostas, em que parece que há uma narrativa a ser montada em tempo real, uma segunda história que corre em paralelo e que o Governo vai montado à medida que precisa. Imagino que já nem o Governo saiba às quantas anda" quando o que importa saber é apenas: “O que António Mendonça Mendes fez no telefonema com Galamba”.