Alterações Climáticas

Calor extremo na Europa "era esperado" e "fenómenos extremos vão ser mais frequentes"

Mais de 16 mil europeus morreram em 2022 após alterações climáticas. Em entrevista à SIC, o climatologista Carlos Câmara lembra que os especialistas já alertavam para o tema “mesmo quando poucas pessoas se preocupavam com o assunto”.

SIC Notícias

Lusa

A Europa tem aquecido duas vezes mais do que a média global. No ano passado, mais de 16 mil morreram na sequência das alterações climáticas. O aquecimento global tem sido sentido no Velho Continente, um dos piores hot spots do momento.

Tudo isso num momento em que a Europa não é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. O climatologista Carlos Câmara explica que “o processo não é linear” e que as consequências do aquecimento global “não são locais”.

“Os climas mediterrâneos são particularmente sensíveis. (…) Nós sabemos que na Europa mediterrânea vai haver episódios de seca mais intensos e com maior frequência. Ao mesmo tempo, como há a intensificação do ciclo da água, os fenómenos extremos vão ser mais frequentes".

Carlos Câmara afirma que as consequências das alterações climáticas “não surpreendem”.

“Os modelos dos anos 70, quando poucas pessoas se preocupavam com o assunto, já apontavam para um aumento de temperatura. A própria teoria do aquecimento global devido aos gases de efeito estufa data de finais do século 19", diz o climatologista, realçando que todos os esforços, mesmo que não gerem efeitos imediatos, são importantes.

Verão de 2022 foi o mais quente de sempre

Desde 1980, as catástrofes provocadas pelas alterações climáticas provocaram a morte de 195.000 pessoas, segundo a Agência Europeia do Ambiente (EEA).

"Em 2022, muitos países do oeste e sudoeste da Europa registaram o seu ano mais quente de sempre. O verão foi o mais quente já registado", disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.

Citado em comunicado, Taalas sustentou que as temperaturas altas agravaram as condições de seca severa e generalizada, estimularam os incêndios florestais violentos - que resultaram na segunda maior área ardida já registada - e causaram milhares de mortes devido ao excesso de calor.

Vários países, incluindo Portugal, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha e Suíça e Reino Unido tiveram o seu ano mais quente já registado.

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