Acidente no Elevador da Glória

Funcionário da Carris no centro de polémica sobre manutenção do Elevador da Glória

Filipe Fraga, funcionário da Carris, é gestor do contrato e presidente do júri que atribuiu a vitória à empresa MNTC num concurso público. O contrato foi assinado por um valor 53% inferior ao preço base, levantando dúvidas sobre a transparência do processo.

Pedro Freitas

Há novas suspeitas relacionadas com os contratos de manutenção do Elevador da Glória. O funcionário nomeado pela Carris para gerir esses contratos é também presidente do júri do concurso público que atribuiu à empresa MNTC a vitória. Há três anos, o contrato foi assinado por um valor 53% inferior ao preço base definido pela Carris.

Na relação entre a Carris e a empresa MNTC, há um nome que se repete: Filipe Fraga. Este funcionário foi escolhido pela companhia de transportes para acompanhar o primeiro contrato com uma empresa desconhecida na área da manutenção.

Em 2019, foi nomeado para essa função. Três anos depois, em 2022, Filipe Fraga foi reconduzido quando se deu a renovação do contrato de manutenção com a mesma empresa, a MNTC, por igual período.

O acordo foi assinado por um valor de 851 mil euros, 53% inferior ao preço base definido pela Carris. No entanto, à data, Filipe Fraga, como revela o Correio da Manhã, não era apenas funcionário da Carris e gestor do contrato de manutenção do Elevador da Glória.

Era também presidente do júri do respetivo concurso público, que resultou na atribuição do contrato à MNTC, conforme se pode ler num documento onde a Carris volta a nomear Filipe Fraga.

A vitória da MNTC, que foi atribuída por valores considerados a preço de saldo, levantou dúvidas a um dos concorrentes derrotados. A empresa Liftech exigiu à Carris que fossem pedidos esclarecimentos adicionais à empresa vencedora.

Contudo, o júri do concurso, liderado por Filipe Fraga, nunca terá solicitado esses esclarecimentos, o que aumentou as críticas em relação à alegada falta de transparência no processo. Contactada pela SIC, a Liftech preferiu não comentar.

Quanto à Carris, a empresa refere que o júri do concurso é constituído por técnicos especializados em Contratação Pública e responsáveis pelas áreas diretamente relacionadas com o objeto do contrato.

O contrato caducou em agosto e, já este mês, através de ajuste direto, a MNTC foi novamente escolhida para continuar a assegurar a manutenção do Elevador da Glória por mais cinco meses.

A Carris justificou a escolha, afirmando que as propostas recebidas eram superiores ao orçamento e que o concurso ficou deserto. Filipe Fraga não respondeu ao pedido de esclarecimentos da SIC.

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