Guerra Rússia-Ucrânia

Histórias de sobrevivência nos hospitais de Dnipro: o rosto humano da guerra na Ucrânia

Mais de metade dos pacientes são vítimas diretas do conflito, incluindo civis como Antone e combatentes estrangeiros como Alejandro, um espanhol de Barcelona. As histórias destes pacientes revelam a brutalidade da guerra e o longo processo de recuperação que muitos enfrentam.

André Palma

Rui do Ó

A reportagem da SIC nos hospitais e centros de reabilitação de Dnipro, os mais próximos da frente de batalha junto ao Donbass, revela o impacto devastador da guerra sobre os civis e os combatentes. Mais de metade dos feridos que estão nestes hospitais e clínicas são vítimas diretas do conflito.

Antone é um dos muitos civis que se encontram entre os feridos de guerra. Não estava a combater, apenas estava a caminhar junto à casa onde vivia, quando foi apanhado pelo ataque.

Estava acompanhado por um amigo, que não sobreviveu ao bombardeio. Antone ficou gravemente ferido. O incidente ocorreu em fevereiro deste ano, numa cidade do Donbass que estava então praticamente cercada pelo exército russo. Sete meses depois, a cidade continua a resistir.

Os familiares de Antone não estavam em casa no momento do ataque, mas agora estão todos juntos em Dnipro. O processo de recuperação de Antone ainda vai demorar, e só o tempo dirá se conseguirá recuperar totalmente.

Esta clínica tem recebido dezenas de feridos de guerra nos últimos tempos, e atualmente, os feridos de guerra representam 60% do total de pacientes. A maioria dos pacientes são ucranianos e muitos têm lesões graves.

Embora haja poucos estrangeiros, a reportagem encontrou um caso: Alejandro, um espanhol de Barcelona, que decidiu alistar-se na legião internacional para combater pela Ucrânia.

Alejandro esteve um mês em Kharkiv até ser apanhado por um ataque enquanto mudava de posição com a sua equipa. Estava com um grupo de quatro pessoas, todos estrangeiros.

Um britânico morreu no ataque, e, três meses depois, a sua família ainda não conseguiu recuperar o corpo. Dois espanhóis e um neozelandês também ficaram feridos. Durante o período mais crítico, a família de Alejandro ficou quase três semanas sem saber dele.

Nas próximas semanas, Alejandro terá de ser operado novamente, mas depois disso, pretende voltar a Espanha. Contudo, a possibilidade de regressar à Ucrânia para continuar a combater ainda está em aberto.

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