Acidente no Elevador da Glória

Alexandra Leitão em entrevista na SIC após declarações de Carlos Moedas

Depois do atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa acusar Alexandra Leitão de ser "cínica" no caso do acidente no Elevador da Glória, a socialista responde-lhe, também no Jornal da Notie da SIC, acusando Carlos Moedas de inação e de falta de esclarecimentos sobre o caso.

Rita Rogado

Alexandra Leitão, candidata do PS à Câmara de Lisboa, admite estar "chocada" com o ataque de Carlos Moedas "à memória" de Jorge Coelho na entrevista na SIC. Acusa também o adversário nas autárquicas de falta de esclarecimentos sobre o acidente no Elevador da Glória e de ter cometido uma "falácia" sobre a manutenção dos elevadores.

Após Carlos Moedas a ter acusado de ser "cínica", a socialista diz estar "bastante habituada" que o atual presidente da Câmara lisboeta use o "ataque pessoal".

"Os ataques pessoais mesmo quando raiam insulto acabam por dizer mais sobre quem os profere do que de quem é objeto deles", reitera, acrescentando que não fala por "interpostos".

Contudo, admite que ficou indignada com o ataque à memória de Jorge Coelho, uma "pessoa que não se pode defender".

"Acho que quem já cá não está merece mais respeito. Foi essa a parte que verdadeiramente me chocou", afirma.

Na entrevista que deu no domingo à SIC, Carlos Moedas disse que Jorge Coelho se demitiu porque tinha informações e não agiu, mas o então ministro do Equipamento Social sempre justificou a decisão de abandonar o Governo com responsabilidade política.

Questionada sobre haver diferentes opiniões dentro do PS sobre se Moedas deve (ou não) demitir-se, Alexandra Leitão considera que cada um "tem direito à sua opinião".

Em entrevista no Jornal da Noite, Alexandra Leitão reafirma que não pediu a demissão de Carlos Moedas. Pede, sim, o "esclarecimento cabal e apuramento de responsabilidades" do acidente no Elevador da Glória.

Alexandra Leitão considera que Carlos Moedas devia ter convocado o Executivo "imediatamente" em vez de ir ao Conselho de Ministros. E critica o autarca por "recusar esclarecimentos". A reunião extraordinária desta segunda-feira "não foi marcada por iniciativa do presidente da Câmara", destaca.

"A única vez que falou em público fê-lo à saída do Conselho de Ministros cuja presença é inusitada, numa declaração lida sem direito a perguntas e depois não se ouviu mais. Carlos Moedas tem-se escondido atrás do Presidente da República (...), seja atrás do primeiro-ministro, quer atrás do próprio vice-presidente Anacoreta Correia, quer atrás do próprio presidente do conselho de administração da Carris."

Considera que os protocolos de vistoria sejam revistos com o "apoio técnico e a maior segurança possível".

Se vencer as eleições autárquicas, garante que irá avaliar a possibilidade de voltar a internalizar a manutenção da Carris, um processo que teria de ser "gradual" porque há conhecimentos e capacidades "que se perderam".

"Tendo em conta que vai haver relatórios sobre o trágico acidente. Vão ser absolutamente essenciais para decidirmos o que fazer a seguir. Acho que é muito importante chamar técnicos, a Ordem dos Engenheiros, o Instituto Superior Técnico, e pensar em soluções de modernização tecnológica para aqueles elevadores", adianta.

No Jornal da Noite, a socialista acusa ainda Carlos Moedas de ter cometido uma "falácia" na carta aos trabalhadores da Carris, em que disse que o investimento na manutenção aumentou 30%.

"Naqueles elevadores aumentou apenas 4%, o que na verdade, tendo em conta que estamos a falar de um período de inflação, corresponde na prática a uma redução da manutenção", afirma.

Moedas acusou Leitão de ser "cínica"

No dia anterior, o atual presidente da Câmara de Lisboa acusou, na SIC, a candidata socialista à autarquia de ser "cínica" e "dissimulada" no caso do acidente no Elevador da Glória.

"Revolta-me muito ver que partidos políticos de uma maneira direta e outros dissimulados, como é o caso do Partido Socialista (...) que tem uma candidata que não pede a minha demissão mas encarrega todos os seus apoiantes para virem por trás, como Pedro Nuno Santos e Brilhante Dias."

Na entrevista no Jornal da Noite da SIC, acusou ainda o PS de Lisboa se de ter "radicalizado".

Na mesma noite, após as declarações de Carlos Moedas, a socialista respondeu ao autarca, acusando-o de ter voltado "aos ataques pessoais" e que só assim saber fazer política. Considerou ainda que a entrevista do social-democrata foi um exercício de desculpabilização "pouco digno" de um responsável político.

Já esta segunda-feira acrescentou que os ataques pessoais atingiram um nível "inaceitável".


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