Abusos na Igreja Católica

A conta-gotas, Igreja já afastou cinco padres suspeitos de abusos

A conta-gotas, a Igreja católica já suspendeu cinco padres suspeitos de abusos sexuais de menores, mas há bispos que continuam a exigir provas concretas para avançar com medidas suspensivas, o que já mereceu críticas do Presidente da República.

PEDRO NUNES

SIC Notícias

Lusa

Na sequência do relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos casos de Abuso Sexual de Menores na Igreja Católica a primeira a suspender padres de funções foi a diocese de Angra, nos Açores, afastando os dois padres que constavam da lista entregue pela comissão ao bispo de Angra, Armando Esteves Domingues.

Seguiu-se a diocese de Évora, com um padre afastado, o único ainda vivo da lista de dois nomes entregue ao bispo Francisco Coelho, a da Guarda, onde foi suspenso um padre, e a de Braga, onde dos oito nomes da lista entregue à diocese um foi afastado de funções.

Várias dioceses apontaram que das listas que receberam constavam nomes de clérigos em alguns casos já falecidos, noutros que não pertenciam às dioceses. Há também casos em que os padres já foram alvo de processos canónicos e medidas disciplinares, e processos civis, havendo casos de absolvição em tribunal.

Mas são também vários os casos de nomes de padres ainda no ativo, facto reconhecido pelas dioceses, mas que se recusam, para já a suspendê-los.

Porto e Lisboa mantêm padres suspeitos no ativo

As dioceses de Lisboa e Porto revelaram hoje ter recebido listas com 24 e 12 nomes, respetivamente, dos quais cinco e sete padres, respetivamente, se mantêm no ativo.

Não tomam, para já, qualquer medida no sentido de os suspender de funções, tendo Lisboa pedido mais elementos à comissão independente que "permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas".

Já o Porto prometeu suspensões preventivas em caso de serem encontrados "indícios fiáveis" de crimes, reiterando a argumentação da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que na conferência de imprensa da semana passada defendeu o afastamento dos clérigos com base em provas concretas.

Viseu mantém em funções padres suspeitos, bispo de Aveiro mantém um suspeito no ativo

A Diocese de Viseu decidiu manter em funções quatro dos cinco sacerdotes referidos no relatório da Comissão Independente que investiga os abusos sexuais na Igreja Católica. A Diocese garante já ter reportado ao ministério todos os casos, mas diz que não pode suspender de funções os padres com base em denúncias anónimas.

Também o bispo de Aveiro confirmou que recebeu, na passada sexta-feira, dia 3 de março, o nome de padres suspeitos de abuso de menores.

Um dos padres continua em funções. Dois sacerdotes já morreram. O terceiro já foi investigado pelo Ministério Público (MP), tendo o caso sido arquivado. O padre continua em funções, apesar de "vigiado" pela diocese.

Bragança-Miranda com três suspeitos de abusos sexuais, mas nenhum no ativo

A Diocese de Bragança-Miranda divulgou este sábado que recebeu três nomes de padres acusados de abusados sexuais, explicando que nenhum dos visados se encontra atualmente em funções nesta zona.

No comunicado enviado às redações, a diocese faz saber que dos três nomes recebidos um já morreu, outro já foi condenado pelo direito canónico e um terceiro está fora da diocese.

Dos três nomes recebidos localmente, "um tornou-se naturalmente inconsequente por falecimento" e outro "é de fora da diocese, pelo que já foi devidamente encaminhado para a diocese de origem", lê-se no comunicado. Relativamente ao outro nome, é explicado que "já tinha sido alvo de um processo canónico por abuso sexual de menores, processo esse entretanto concluído e que resultou na aplicação de medidas disciplinares que estão em vigor".

Até ao momento, as dioceses do Funchal, Angra, Évora, Viana do Castelo, Algarve, Portalegre, Viseu, Guarda, Braga, Lisboa, Porto, Bragança-Miranda, Aveiro, Santarém e Setúbal já se pronunciaram sobre as listas de nomes enviadas pela comissão independente.

Santarém referiu não ter recebido qualquer lista, uma vez que os casos não se enquadram "na geografia e/ou no tempo histórico" da diocese, enquanto Setúbal apontou contradições aos dados recebidos e anunciou ter pedido mais esclarecimentos sobre os cinco casos comunicados, nem todos referentes a abusos de menores.

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