Abusos na Igreja Católica

Diocese do Porto com sete nomes suspeitos mas sem "qualquer pista" para suspender

Do total de 12 nomes que recebeu da Comissão Independente, quatro já morreram, um não pertence à Diocese do Porto e sete estão vivos e no ativo. Há uma investigação em curso mas para já sem indícios, diz a Diocese, para suspendê-los.

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Ana Lemos

Logo depois da Lisboa ter anunciado que da lista de 24 nomes que recebeu, há cinco padres no ativo e que, para já, vai manter-se em funções, a Diocese do Porto informa que a Comissão Independente entregou “uma lista de alegados abusadores que continha 12 nomes”. Deste total, sete sacerdotes estão em funções e vão continuar por falta de “qualquer pista”.

No passado dia 3 de março, através da Comissão Independente chegou à diocese do Porto “uma lista de alegados abusadores que continha 12 nomes. Foi possível aferir, desde logo, que quatro já faleceram e um já não pertence à diocese. Por informação oral do Grupo de Investigação Histórica, ficou-se a saber que as denúncias se reportam às décadas de 70 e 80”.

"Imediatamente foi iniciada a investigação prévia a respeito dos 7 clérigos vivos. Nos arquivos diocesanos, não se encontra qualquer indício de possíveis crimes de abusos, tal como, aliás, o Grupo de Investigação Histórica já tinha verificado. À Comissão Diocesana para o Cuidado dos Frágeis também não chegou qualquer denúncia relativamente a estes nomes", refere a diocese.

Perante estes factos, sustenta a diocese, e apesar de o “processo de investigação” continuar, “o bispo diocesano já reuniu com diversas pessoas, algumas das quais já não vivem na área da Diocese do Porto, à procura de eventuais informações complementares”.

"Porém, também estas diligências ainda não conduziram a qualquer pista. Se, entretanto, aparecerem indícios fiáveis, o bispo diocesano não hesitará em suspender preventivamente o clérigo em causa”, sustenta a diocese informando que entregou ao Ministério Público a lista recebida da Comissão Independente.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.

A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo. Nos últimos dias, a diocese de Angra, nos Açores, e a arquidiocese de Évora, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados. Já hoje, também as dioceses da Guarda e de Braga anunciaram a suspensão de padres.

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