Economia

"Estamos a criar pobres": metade dos pensionistas da Segurança Social recebia 500 euros/mês no final de 2024

Perto de um 1,5 milhões de pensionistas da Segurança Social recebia até 750 euros por mês no final de 2024, e metade até 500 euros. As mulheres eram a maioria mas tinham pensões, em média, 38% mais baixas do que os homens.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Ricardo Tenreiro

Ana Lemos

Os dados são do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e refletem a pobreza de quem é pensionista, mas também de quem trabalha. Numa análise a estes números, a CGTP alerta: “Estamos a criar pobres no nosso país”.

"Este empobrecimento dos homens e das mulheres, em particular, nesta fase da sua vida, leva a que muitos e muitas por razões financeiras tenham que estar reformados e a ter qualquer trabalho para ter um acréscimo complementar, isto significa que estamos de facto a empobrecer quer quando trabalhamos, quer quando passamos à reforma", alerta Fátima Messias, coordenadora da Comissão para a Igualdade da CGTP.

Analisada a informação oficial, a CGTP concluiu que em 2024, mais de 1,4 milhões de pensionistas da Segurança Social recebia até 750 euros e quase um milhão menos de 500 euros de pensão por mês.

Acresce ainda o facto de, nas mesmas circunstâncias, as mulheres serem mais pobres do que os homens.

“(…) É o resultado de uma carreira contributiva em que as mulheres continuam ainda a ganhar, em média, menos do que os homens. (…) A resolução do problema da pobreza dos reformados e reformadas, dos pensionistas e das pensionistas, passa não só pelo aumento imediato das pensões, todas, mas também dos salários. (…) Estamos a criar pobres no nosso país”

O que a central sindical estranha é que estes números não refletem as alegadas boas contas da Segurança Social. “Ainda é mais inaceitável" esta situação "quando foi exatamente em 2024 que aconteceu um excedente dos maiores que a Segurança Social já teve, superior a cinco milhões”, lembra Fátima Messias.

Esta realidade tornou-se evidente no cruzamento de dados feito ao longo da preparação da conferência nacional da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens, que a CGTP vai realizar em 5 de junho.

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