As novas tabelas de retenção na fonte de IRS já entraram em vigor e Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas, ajuda a perceber e acautela que o bolso poderá parecer maior, mas no fim as contas podem anular esse saldo ou até cobrar.
“Estas alterações significam que as pessoas vão reter um bocadinho menos. Estas taxas só se aplicam ao trabalho dependente e é um adiantamento de imposto para depois se fazer as contas no imposto final”, explicou a bastonária Paula Franco.
Conforme a contabilista, o Governo tem aproximado cada vez mais a retenção na fonte ao imposto final, diminuindo a retenção na fonte. Nesse sentido Paula Franco realça que se sente pouco no bolso, mas que “se vai sentido”.
“O que temos agora é um ajustamento da tabela retenção na fonte de aquilo que são as taxas finais de IRS e o que vai acontecer é que as pessoas vão ter menos reembolso no fim ou vão ter que pagar um pouco mais”, referiu.
Portanto, o que acontece é que as pessoas vão ter um rendimento disponível maior, porque vão reter menos na fonte, mas na prática, no final, vão ter que ver se vão ter que pagar este valor ou mais.
Por isso, na altura de fazer o IRS, esse dinheiro que esteve “a mais”, agora com este novo ajuste, pode vir a ser “cobrado” nessa altura.
Para a bastonária, esta medida é positiva, porque a antiga prática obrigava a que as pessoas tivessem sem acesso ao seu dinheiro durante largos períodos de tempo.
"Este ajustamento é sempre positivo, porque não temos que adiantar muito dinheiro ao Estado. Quem fazia retenção de janeiro só ia recuperar em março, abril do próximo ano. Estamos a aproximar as tabelas de retenção à realidade do imposto e vão aplicar taxas marginais tal e qual como o IRS final aplicam. Havia uma aproximação, mas não era tão realística"
Segundo o Governo, o novo modelo trata-se, na prática, de uma aproximação do valor retido ao longo do ano do valor a liquidar anualmente.
De acordo com as simulações das Finanças, no caso de um solteiro sem dependentes os ganhos líquidos mensais face ao primeiro semestre variam entre 1% a 2% para salários brutos entre 760 euros e 3.400 euros, enquanto um solteiro com um dependente pode ver o seu salário líquido aumentar entre 2% a 5% para o mesmo intervalo remuneratório.
No caso de um casal com um dependente, o ganho líquido está balizado entre 1% e 3% nestes rendimentos brutos e face aos primeiros seis meses do ano.