Economia

IVA zero: lista está fechada, Governo divulga os mais de 40 alimentos abrangidos

A lista de 44 alimentos, elaborada em conjunto com o Ministério da Saúde, entrará em vigor a partir de abril e resulta de um acordo com os produtores e a distribuição. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro. Confira a lista de produtos que vão ficar isentos de IVA.

MANUEL DE ALMEIDA/Lusa

Ana Lemos

SIC Notícias

Está fechada a lista e o acordo. Falamos de alimentos do cabaz essencial atualmente taxados a 6% e que vão passar, a partir de abril, a estar isentos de IVA. A lista completa dos 44 produtos foi anunciada esta segunda-feira pelo Governo, em conferência de imprensa no Palácio Foz, em Lisboa.

O Conselho de Ministros vai reunir-se ainda hoje para aprovar a proposta de lei de redução do IVA sobre os 44 bens alimentares, anunciou o primeiro-ministro, que disse contar com o empenho dos partidos para a sua tramitação rápida. E quando tempo irá durar? Seis meses.

"O que posso garantir é que hoje mesmo o Conselho de Ministros reunirá por via eletrónica para aprovar a proposta de lei que amanhã [terça-feira] mesmo entrará na Assembleia da República", declarou o primeiro-ministro. Antes já a APED tinha assegurado que “no prazo de 15 dias”, a medida pode estar em vigor nos super e hipermercados.

Eis a lista completa de 44 produtos:

Cereais e derivados:

  • Pão
  • Batata
  • Massa
  • Arroz

Hortícolas:

  • Cebola
  • Tomate
  • Couve-flor
  • Alface
  • Brócolos
  • Cenoura
  • Courgette
  • Alho francês
  • Abóbora
  • Grelos
  • Couve portuguesa
  • Espinafres
  • Nabo

Frutas

  • Maçã
  • Banana
  • Laranja
  • Pera
  • Melão

Leguminosas

  • Feijão vermelho
  • Feijão frade
  • Grão de bico
  • Ervilhas

Laticínios

  • Leite de vaca
  • Iogurtes
  • Queijo

Carnes, Pescado e ovos

  • Carne de porco
  • Frango
  • Carne de peru
  • Carne vaca
  • Bacalhau
  • Sardinha
  • Pescada
  • Carapau
  • Atum em conserva
  • Dourada
  • Cavala
  • Ovos de galinha

Gorduras e óleos

  • Azeite
  • Óleos vegetais
  • Manteiga

Antes da divulgação foi assinado o Pacto para a Estabilização e Redução de Preços dos Bens Alimentares. Presentes no Palácio da Foz, primeiro-ministro, António Costa, pelo Governo, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, e o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Silva, assinaram o acordo IVA 0%.

“Acordo não é uma promessa, nem golpe de magia”

“Este é um pacto importante [sobretudo] para o consumidor português (…), Governo ter compreendido e reconhecido que os produtores precisam de compensações. Não são culpados pela inflação nem pela subida dos preços, pelo contrário, sofrem com ela. O acordo que hoje aqui assinamos não é uma promessa, nem um golpe de magia, mas sim um compromisso", declarou o presidente da CAP, o primeiro a discursar.

"Sozinhos não travamos o aumento dos preços mas ajudamos a travar a forma como evoluem", concluiu.

“Retalho pronto em 15 dias”, garante APED

"Hoje é um dia feliz para os portugueses. A descida do IVA é uma boa notícia para os portugueses", afirmou Gonçalo Lobo Xavier, lembrando que a APED já tinha sugerido esta medida ao Governo. Ela surge agora devido à “evolução natural do combate à inflação, onde todos somos chamados a estar presentes”. Mas, vincou, “não chega baixar o IVA é preciso apoiar a produção nacional porque os preços têm aumentado em toda a cadeia”.

"Hoje assinamos um pacto convictos de que vai ajudar com certeza a que os preços baixem, assim o mercado ajude", declarou Gonçalo Lobo Xavier, garantindo que “continuamos a luta pelos preços baixos, e por uma concorrência séria e transparente”, declarou.

“Vamos continuar a precisar de todos e nós cá estaremos para assumir as nossas responsabilidades. Ainda assim, salientou, ”parece-nos muito importante que os portugueses saibam que os preços não vão descer amanhã, mas seguramente, depois da publicação do diploma em Diário da República, em 15 dias o retalho alimentar estará pronto para assumir as suas responsabilidades", garantiu.

“Onde há inflação, todos ralham e têm parte de razão”

António Costa começou por recorrer a uma expressão popular: “Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão" para justificar o mundo, a Europa e Portugal enfrentam uma “situação muito difícil” devido a uma “inflação crescente” provocada pela guerra. Por isso, disse a expressão deve ser alterada para “casa onde há inflação, todos ralham e todos têm parte da razão”.

“A parte de leão da razão cabe aos consumidores, aquele que sentem no seu dia a dia o aumento do custos dos bens, designadamente os alimentares. Há também razão da parte dos produtores, com o aumento dos custos da energia, dos adubos, fertilizantes, rações. Também a distribuição têm razão quando diz tem aumento dos custos com os seus fornecedores (…) Ora neste quadro o pior que podíamos todos fazer era ralhar, em vez de todos trabalharmos em conjunto para encontrar a melhor solução”, destacou Costa.

O primeiro-ministro anunciou depois o reforço dos apoios à produção e a redução do IVA a 0% de um cabaz alimentar - elencando depois a lista de 44 alimentos abrangidos.

António Costa disse contar com "o empenho de todas as forças políticas para que a Assembleia da República possa agendar, com a maior rapidez possível, esta proposta de lei", que a tramite "com a maior urgência possível e que o senhor Presidente da República a possa promulgar".

Na plateia estão quatro lugares reservados na primeira fila e que foram ocupados pelo secretário de Estado da Agricultura e por três ministros: a ministra da Agricultura, o ministro da Economia, e o das Finanças, quem vai disponibilizar o dinheiro do Orçamento de Estado para este apoio extraordinário de cerca de 600 milhões de euros.

A expectativa é positiva face ao exemplo da vizinha Espanha, onde a medida de IVA zero não foi sucedida. Na antena da SIC, no habitual comentário aos domingos no Jornal da Noite, Luís Marques Mendes avançou com uma lista de 20 dos mais de 40 alimentos e explicou o que distingue Portugal de Espanha: o acordo estabelece que a redução do IVA para 0% não será absorvida pela margem de lucro das distribuidoras.

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