Economia

Goldman Sachs admite que nova remuneração acionista da EDP Renováveis afasta hipótese de aumento de capital

A EDP Renováveis propôs trocar o tradicional dividendo pela entrega aos acionistas de direitos sobre novas ações. Os analistas do Goldman Sachs consideram a iniciativa positiva.

Miguel Prado

A nova política de remuneração acionista da EDP Renováveis, comunicada ao mercado na segunda-feira à noite, foi bem recebida pelos analistas do banco de investimento Goldman Sachs, que admitem que a solução encontrada pela empresa poderá afastar os receios da necessidade de um aumento de capital.

Em causa está o anúncio de um scrip dividend, isto é, de um modelo de remuneração dos acionistas que passa por lhes atribuir direitos sobre novas ações (que podem guardar para si ou vender), em vez da distribuição direta de dividendos, como vinha acontecendo até agora.

A EDP Renováveis propõe este ano, por essa via, entregar aos acionistas direitos equivalentes a 275 milhões de euros, ou 40% do lucro do ano passado, já no quadro de uma nova política de remuneração que prevê um payout (proporção da remuneração acionista face aos lucros obtidos) de 30% a 50%.

Contudo, se os investidores aceitarem ficar com as novas ações (em vez de cobrarem à EDP Renováveis uma compensação monetária), a empresa evita encargos com dividendos, podendo reinvestir os recursos libertados pelas suas operações em novos projetos.

“Acreditamos que esta iniciativa (equivalente a cerca de 1,5% da atual capitalização bolsista) pode afastar as preocupações de uma injeção de capital”, referem os analistas do Goldman Sachs numa nota de análise a que o Expresso teve acesso.

“Muitos dos investidores com quem falámos estavam à espera de um aumento de capital, pelo que um scrip dividend poderá ser um alívio”, pode ler-se na nota de análise do Goldman Sachs.

O banco de investimento realça também que os resultados obtidos pela EDP Renováveis em 2022 ficaram cerca de 5% acima da média estimada pelos analistas. O Goldman Sachs mantém para os títulos da EDP Renováveis a recomendação de compra.

Na perspetiva dos analistas do Goldman Sachs, a nova remuneração acionista da EDP Renováveis (à qual a casa-mãe, EDP, dona de 75%, já disse que irá aderir) permitirá à empresa de energias limpas economizar cerca de mil milhões de euros ao longo dos próximos três anos (supondo que os acionistas preferem ficar com as novas ações, em vez de cobrar à EDP Renováveis uma compensação monetária).

O banco continua a considerar as ações da EDP Renováveis como um bom investimento, nomeadamente pelas oportunidades que a empresa terá com o Inflation Reduction Act, nos Estados Unidos, e pelo ciclo positivo que as renováveis enfrentarão nos próximos anos.

As ações da EDP Renováveis estão a ser transacionadas na manhã desta terça-feira a 19,3 euros por ação, cerca de 1% abaixo do valor de fecho de segunda-feira. O Goldman Sachs definiu para os títulos da empresa um preço-alvo de 27,5 euros num horizonte de 12 meses.

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