A empresa brasileira Americanas, que pediu recuperação judicial em janeiro, reconheceu esta segunda-feira uma dívida de 42,5 mil milhões de reais (7,6 mil milhões de euros) e um número de credores maior do que o anunciado inicialmente.
Numa lista atualizada enviada ao mercado e à Justiça do Rio de Janeiro nesta segunda-feira, o número de credores da Americanas, que controla a Lojas Americanas, uma das maiores redes de retalho do Brasil, subiu de 7.967 para 9.713.
O valor da dívida da empresa também aumentou de 41,2 milhões de reais (cerca de 7,4 mil milhões de euros) em 19 de janeiro para 42,5 mil milhões de reais (cerca de 7,6 mil milhões de euros) calculados na revisão feita em 10 de fevereiro.
A dívida do grupo Americanas com os cinco maiores bancos do Brasil passou de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,3 mil milhões de euros) para 2,9 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), quase um terço do total.
A Americanas anunciou em 11 de janeiro que identificou inconsistências contábeis de cerca de 3,85 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), o que levou à renúncia do conselho de administração da empresa.
Duas semanas depois, a empresa entrou com o pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio, que o aceitou de imediato.
A recuperação judicial prevista na lei de falências do Brasil é um mecanismo para evitar a falência e estipula um prazo de 180 dias, podendo ser prorrogado por igual período, para a empresa chegar a um acordo com os credores, prazo durante o qual poderá operar normalmente sem ter que pagar suas dívidas.
Desde a descoberta do buraco contábil o valor de mercado da Americanas caiu a pique na bolsa de valores brasileira, com impactos negativos no preço de setores credores como bancos públicos e privados, que ficaram expostos.
Quase todos os bancos que divulgaram seus saldos financeiros em 2022, incluindo Santander e Itaú, anunciaram um aumento significativo das suas provisões para dívidas de difícil cobrança por causa do caso da Americanas.