A indemnização a Alexandra Reis só se tornou pública quando a ex-administradora da TAP já estava no Governo. É um dos casos mais polémicos da história da empresa, que originou uma comissão de inquérito e levou à demissão de ministros e administradores.
Tomou posse a 2 de dezembro de 2022, um cargo que iria abandonar 26 dias depois. Foi demitida pelo ministro que a foi buscar, Fernando Medina, depois de ter sido divulgado na comunicação social o valor da indemnização que recebeu quando saiu da TAP.
Foi nomeada para a NAV, outra empresa pública, meses depois de sair da TAP com uma indemnização de 500 mil euros autorizada pelo ministério das Infraestruturas.
Primeiro caiu o secretário de Estado Hugo Mendes, mas o ministro também não resistiu.
A comissão de inquérito que deu a conhecer os motivos da saída de Alexandra Reis da TAP. Foi dispensada pela então presidente executiva, que não a queria na empresa.
Um ano antes, a ex-administradora tinha colocado o lugar à disposição num e-mail para o ministério das Infraestruturas, que nunca teve resposta.
No Parlamento, Alexandra Reis garantiu que estava a tentar devolver o dinheiro. Mas que a TAP não lhe respondia.
"Não quero receber 1 euro que não me seja devido."
Devolveu 266 mil euros. A outra parte já tinha ido para o Estado em impostos.
A carta com o valor a devolver só chegou em maio de 2023, já Christine Ourmières-Widener tinha sido demitida por Fernando Medina por causa desta polémica indemnização, que pode dar origem a outra.
A ex-CEO avançou para tribunal para pedir quase 6 milhões de euros à TAP.
O relatório da comissão parlamentar de inquérito, divulgado em julho 2023, isentou o Governo de culpas no caso de Alexandra Reis.
O documento deixou de fora os incidentes que acabaram por marcar também a CPI com o ex-adjunto de João Galamba, que acusou o ministro de tentar ocultar informação à CPI.
Galamba foi nomeado ministro quando Pedro Nuno Santos saiu, mas menos de uma ano depois, por causa disto, integrou a já longa lista de demissões.