Economia

Assembleia-geral de acionistas da PT SGPS ainda pode ser suspensa

Os acionistas da PT SGPS têm marcada para segunda-feira uma assembleia-geral para decidir a venda da PT Portugal à Altice, mas a reunião ainda poderá ser suspensa, nomeadamente a pedido do sindicato dos trabalhadores do grupo.

Na sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo PT (STPT), Jorge Félix, assegurou à Lusa que iria pedir a suspensão da assembleia-geral, caso isso não acontecesse entretanto.

O responsável acrescentou que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) também considerava que esta reunião magna deveria ser adiada.

Na sexta-feira, o Conselho de Administração da PT SGPS esteve reunido cerca de seis horas, tendo suspendido a reunião para durante o fim de semana decorrerem novos contactos entre este órgão, a CMVM e o presidente da mesa da assembleia-geral, com o objetivo de encontrar um consenso sobre a sua realização.

Fonte oficial da PT SGPS disse na sexta-feira à Lusa que o Conselho de Administração da PT SGPS, empresa que detém uma dívida de quase 900 milhões de euros da Rioforte e uma participação na brasileira Oi, vai retomar os trabalhos na segunda-feira de manhã e que "tudo indica que a assembleia-geral tenha lugar" nesse dia.

Neste caso, a reunião terá de se iniciar com a presença dos acionistas, podendo o presidente da mesa da assembleia-geral, António Menezes Cordeiro, considerar que não estão reunidas as condições, nomeadamente por falta de informação, e convocar uma nova sessão. 

A suspensão poderá também ocorrer por iniciativa do Conselho de Administração ou dos acionistas, havendo neste caso uma votação por maioria simples. Caso a reunião seja suspensa, será marcada uma nova data. 

Nesta assembleia-geral está em causa o negócio de venda da PT Portugal (que tem a Meo, Sapo, entre outros, e é detida desde maio pela Oi) à Altice, que a 30 de novembro passado reviu em alta a oferta para 7.400 milhões de euros, depois de a 03 de novembro ter oferecido 7.025 milhões de euros, excluindo os negócios em África.

Na semana passada, as instalações da administração da PT SGPS e a consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC) foram alvo de buscas, devido ao investimento realizado em abril pela PT SGPS em papel comercial da Rioforte, 'holding' do Grupo Espírito Santo (GES), que deixou um 'buraco' de 847 milhões de euros na empresa portuguesa, depois de não ter sido reembolsada em julho conforme o estipulado. 

Este incumprimento levou à mudança do rumo previsto no acordo inicial de fusão com a Oi. Depois do verão, foi aprovada em assembleia-geral uma combinação de negócios que reduz o capital da PT SGPS na entidade resultante da fusão (CorpCo) para 25,6% e a transferência da dívida relativa à Rioforte da PT Portugal para a PT SGPS.

O processo de combinação de negócios entre a PT SGPS e a Oi não previa a alienação da PT Portugal, já que um dos objetivos era a criação de um grande operador lusófono. Com a venda da empresa, fontes do setor consideram que poderá estar em causa a legalidade do acordo, já que a venda dos ativos que antes estavam em mãos portuguesas vai servir para abater a dívida da Oi.

   A assembleia-geral decorre ainda no rescaldo da divulgação do relatório de auditoria da PwC sobre os empréstimos de tesouraria efetuados pela PT SGPS a empresas do GES, nomeadamente o investimento na Rioforte.

   O relatório implica o ex-líder do Banco Espírito Santo (BES), que os auditores tentaram, sem sucesso, contactar e aponta contradições nas declarações prestadas por ex-dirigentes da PT.

Lusa
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