Economia

Seguro pede "maior prudência nas palavras" de atores políticos sobre saída da troika

O secretário-geral do PS, António José Seguro,  pediu hoje "maior prudência nas palavras" de todos para o que deve Portugal  fazer após o fim do programa de ajustamento financeiro firmado com a "troika".

(Lusa)
JOSE SENA GOULAO

 "Hoje lemos estas declarações do Presidente da República. Na Grécia,  o presidente Barroso, da Comissão Europeia, disse que Portugal iria ter  uma saída limpa. E também lemos nos jornais que o Governo está a tentar  uma terceira via. Convinha que, sobre este assunto, que é da maior importância  para a vida dos portugueses e do nosso país, houvesse maior prudência nas  palavras e de facto os protagonistas se pronunciassem em função de situações  concretas", disse hoje Seguro. 

 O líder socialista falava aos jornalistas numa escola lisboeta, à margem  de uma sessão das conferências "Novo Rumo", no dia em que se soube que o  Presidente da República, Cavaco Silva, considera "uma ilusão" pensar que  as exigências de rigor orçamental vão desaparecer após a conclusão do programa  de ajustamento, e avisa que, pelo menos até 2035, Portugal continuará sujeito  a supervisão. 

Seguro diz que Cavaco terá informações que o PS não tem, "designadamente  as condições" para um programa cautelar, mas reiterou que o Governo "tem  obrigação de criar condições para que Portugal regresse a mercados sem ajuda  suplementar". 

"Esse é o dever do Governo. E o Governo aliás aplicou o dobro da austeridade  prometendo isso aos portugueses. Se o Governo não cumprir isso, tem de prestar  contas ao país e tem de explicar por que razão não conseguiu cumprir esse  objetivo", vincou o secretário-geral socialista. 

No texto hoje divulgado, que tem como tema o "pós-troika", o Presidente  da República explica em pormenor as novas regras europeias de disciplina  orçamental, "que irão condicionar de forma profunda a vida nacional nos  próximos anos", destacando em particular a "condicionalidade específica"  a que estão sujeitos os países que recorreram a assistência financeira,  como é o caso de Portugal, que obteve um empréstimo de 78 mil milhões de  euros. 

"Depois de concluir os respetivos programas de ajustamento, estes países  continuarão sujeitos a uma supervisão pós-programa até terem reembolsado  pelo menos 75% dos empréstimos que lhes foram concedidos pela União Europeia,  período que pode ser prorrogado por decisão do Conselho, sob proposta da  Comissão", escreve Cavaco Silva, no segundo "capítulo" do prefácio, que  é publicado na íntegra na edição de hoje do semanário Expresso, que divulga  ainda o terceiro e quarto "capítulos" do texto inicial do "Roteiros VIII",  que reúne as intervenções do Presidente da República ao longo do oitavo  ano do seu mandato. 

Cavaco Silva defende também que a decisão sobre um eventual programa  cautelar deve ser tomada "no momento adequado", "evitando alaridos precipitados",  e tendo em conta a evolução dos mercados, da situação internacional e o  sentimento dos parceiros europeus. 

O encontro de hoje das conferências "Novo Rumo", do PS, teve como tema  a Educação, e nele intervieram figuras como o ex-reitor da Universidade  de Lisboa António Sampaio da Nóvoa e Maria João Rodrigues, conselheira das  instituições europeias e antiga ministra do Trabalho de António Guterres.

António José Seguro disse, na sua intervenção perante dezenas de pessoas,  que a Educação é uma "matriz do projeto" do PS para governar o país, e focou  parte das suas palavras a incentivar aqueles que, sendo menos jovens, podem  e devem ter novas oportunidades de formação. 

"Nós não desistimos dos portugueses que têm 40, 45, 50 anos, e queremos  oferecer essas oportunidades de formação e qualificação", disse, reconhecendo  que tal medida "custa dinheiro" que, em parte, poderá chegar do novo quadro  de fundos comunitários. 

Na primeira fila, a assistir ao encontro, estiveram, entre outros, o  dirigente socialista João Proença e Maria Barroso, uma das fundadoras do  PS, que mereceu um cumprimento especial de António José Seguro durante a  sua intervenção. 

Também presentes no auditório da escola Padre António Vieira estiveram  alguns deputados do PS, casos de Rui Paulo Figueiredo, Gabriela Canavilhas  e Pedro Delgado Alves. 

Lusa

 

     

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