Economia

"Quem não deve não teme", diz PCP sobre eventual inquérito sobre Estaleiros

O PCP, cuja proposta de criação de uma comissão de inquérito sobre os Estaleiros Nacionais de Viana do Castelo (ENVC) é hoje submetida a votação em plenário da Assembleia da República, crê que "quem não deve não teme".

MANUEL DE ALMEIDA

"Quem não deve não teme e, portanto, todos os partidos deveriam apoiar  esta decisão, mas compete a cada um a responsabilidade e dizer o que entendem  sobre isso", afirmou a deputada comunista Carla Cruz. 

O grupo parlamentar comunista já angariou o apoio de Bloco de Esquerda  e PS, mas a maioria PSD/CDS-PP defendeu que as audições em sede de comissão  parlamentar regular são, para já, suficientes. O PCP assegurou poder avançar  para um pedido potestativo, embora precise de um quinto dos deputados eleitos  para ter sucesso. 

"Há muitos assuntos que têm de ser esclarecidos e só podem sê-lo cabalmente  com uma comissão de inquérito até porque é importante apurar responsabilidades  políticas e administrativas dos sucessivos governos e administrações - a  questão dos (navios) asfalteiros, das contrapartidas, da construção dos  navios para a Marinha e as opções deliberadas durante os últimos dois anos  de paragem dos trabalhadores", completou a parlamentar comunista. 

A administração dos ENVC assina na sexta-feira, com o grupo Martifer,  o contrato de subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos  dos estaleiros. Por este contrato, o grupo privado, que criou para o efeito  a empresa West Sea Estaleiros Navais, pagará ao Estado uma renda anual de  415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional que venceu.

A nova empresa - West Sea - deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis que  vai custar 30,1 milhões de euros, suportado com recursos públicos. 

A solução foi definida pelo Governo português para evitar a devolução  de 181 milhões de euros de ajudas públicas, prestadas desde 2006, e não  declaradas à Comissão Europeia, no âmbito de uma investigação lançada por  Bruxelas. 

Ao longo de 69 anos de atividade, os ENVC já construíram mais de 220  navios, mas apresentam hoje um passivo superior a 300 milhões de euros. 

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