Economia

UGT teme que reforma do IRC obrigue a compensar receitas de forma injusta

A UGT disse hoje concordar com uma reforma do IRC, mas defendeu que este não é o momento certo para a fazer, porque implica custos económicos que podem vir a ser compensados com aumentos de receitas por "vias injustas".

"Avançar com a reforma num momento de fortes constrangimentos orçamentais,  sabendo que esta reforma implica custos orçamentais, pode significar compensação  da perda de receitas por vias injustas, como já aconteceu no passado", afirmou  numa audição na comissão parlamentar de orçamento e finanças a secretária  geral adjunta da UGT, Paula Bernardo, exemplificando que cortes salariais  resultaram no passado de medidas semelhantes. 

A UGT defendeu também que a reforma do IRC deveria resultar do "uma  profunda discussão" que assegure que os pilares do sistema fiscal sejam  salvaguardados pois, frisou, "só assim será dado uma imagem internacional  de consenso e estabilidade". 

Aos deputados, Paula Bernardo disse ainda que a reforma do IRC pode  "ficar coxa" nos seus objetivos por não conseguir cumprir os objetivos de  retoma do crescimento económico e do emprego devido à falta de dinamização  do mercado interno face à insuficiência de procura e à dificuldade de acesso  ao crédito. 

"Haverá uma efetiva capacidade de atingir os objetivos de fomento do  investimento e criação de emprego, que está subjacente a esta reforma?",  questionou. 

A UGT defendeu ainda que "não é aceitável" que esta reforma fiscal beneficie,  essencialmente, as grandes empresas: "Há 75% de empresas que não pagam IRC  e as grandes empresas que o fazem pagam abaixo da taxa nominal", disse.

A sindicalista defendeu que, numa altura em que se tem como objetivo  aliviar a carga fiscal das empresas para dinamizar o investimento, "é essencial"  que esse alivio venha ao encontro das Pequenas e Médias Empresas. 

A sindicalista criticou ainda não ter havido uma "verdadeira avaliação"  dos benefícios do IRC e o seu impacto no beneficio às famílias, salientando  que esta deve ser a base de trabalho para uma reforma do imposto. 

Em termos gerais, a UGT diz que "concorda" com uma reforma do IRC que  melhore o atual sistema "complexo, pouco claro, e pouco competitivo do ponto  de vista internacional, e que não salvaguarda a equidade fiscal dentro do  próprio imposto". 

"Sempre defendemos uma reforma do IRC ao encontro de mais transparência,  simplificação", lembrou.

Lusa

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