Marco Paulo morreu esta quinta-feira, aos 79 anos. O cantor foi diagnosticado recentemente com dois cancros, um no pulmão e outro no fígado. Em meados de setembro, recebeu a notícia de que a quimioterapia não estava a resultar e seria suspensa. Miguel Cadete recorda a carreira de Marco Paulo, recheada de êxitos e que “ainda hoje figura nas tabelas dos artistas com mais discos vendidos, muito próximo, senão mesmo ultrapassando os grandes nomes, como Amália Rodrigues”.
O diretor-adjunto do Expresso lembra que o cantor fazia muitas vezes adaptações de temas estrangeiros que continuam a ser enormes sucessos.
“Chegou a fazer uma versão de do ‘I Just Call To Say I love You’, do Stevie Wonder, que foi um êxito retumbante na primeira metade dos anos 80, que ele obviamente intitulou ‘Só Falei Para Dizer que Te Amo’, foi também muito bem recebida pelo público, ou seja, é uma carreira recheadíssima de êxitos. Uma carreira bem longa (…) Ocupando um lugar ímpar na música popular, na música pop portuguesa, se quisermos dizer assim”, sublinha Miguel Cadete.
Marco Paulo, nome artístico de João Simão da Silva, o intérprete de êxitos como “Eu tenho dois amores” e “Maravilhoso coração”, nasceu a 21 de janeiro de 1945, em Mourão, no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960.
Marco Paulo teve sempre uma grande exposição pública, tanto como cantor como, mais tarde, como apresentador de programas de televisão.
No início da carreira, o artista teve enorme sucesso junto dos emigrantes portugueses, “chegou a gravar com Simone de Oliveira e ombreou com essas grandes cantoras dos dias da rádio, Simone, Madalena Iglesias, gravou singles com o Quarteto 1111, um grupo muito conhecido nos anos 70, do qual fazia parte o José Cid. E, portanto, ele foi um dos maiores e esteve sempre entre os maiores da música em Portugal”, realça Miguel Cadete.
Questionado sobre a forma como Portugal se pode despedir de um nome tão grande da cultura portuguesa, o diretor-adjunto do Expresso considera que o cantor pertence ao grupo dos imortais, “nomes que não querem deixar a arte ou o desporto”.
“Marco Paulo também foi nitidamente um caso em que precisava do público para viver e foi assim até ao fim”, sublinha.