Cultura

Óscar de melhor documentário em longa-metragem para "Uma Fábrica Americana"

A longa-metragem conta com a produção da plataforma de streaming Netflix.

Lucas Jackson

Lusa

"Uma Fábrica Americana", de Steven Bognar, Julia Reichert e Jeff Reichert, conquistou o Óscar de melhor documentário em longa-metragem, na 92.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos.

Produzido pela Netflix, "Uma Fábrica Americana" fala do choque entre culturas, quando uma fábrica no Ohio é adquirida por uma empresa chinesa.

No discurso de agradecimento, a realizadora Julia Reichert, além de nomear os outros candidatos, fez um apelo ao sindicalismo, destacando a necessidade de os trabalhadores se unirem: "Os trabalhadores enfrentam cada vez mais dificuldades hoje em dia, e acreditamos que tudo melhore, quando os trabalhadores do mundo se unirem", afirmou.

O caráter político da declaração de Reichert teve até agora paralelo na intervenção de Brad Pitt, quando o ator afirmou, ao receber o Óscar de melhor ator secundário, na abertura da cerimónia, que os 45 segundos que a Academia lhe dava para agradecer, eram "45 segundos mais do que o Senado tinha dado ao embaixador John Bolton", no processo de 'impeachment', na semana passada.

A distribuição do "Uma Fábrica Americana" pela Netflix teve o apoio de Barack e Michelle Obama, que acompanharam os realizadores Steven Bognar e Julia Reichert numa espécie de 'making of', que acompanhou o lançamento da obra.

O ex-Presidente dos Estados Unidos já felicitou os cineastas, através da rede social Twitter, por "contarem uma história complexa e comovente", sobre as consequências e o impacto humano impostos pela economia.

"Democracia em Vertigem", de Petra Costa, "Honeyland", de Ljubo Stefanov, Tamara Kotevska e Atanas Georgiev, "The Cave", de Feras Fayyad, e "For Sama", de Waad al-Kateab e Edward Watts, eram os outros candidatos ao Óscar de melhor documentário em longa-metragem.

O filme de Petra Costa é um retrato do Brasil, que acompanha a queda dos antigos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, e o clima para a ascensão de Jair Bolsonaro, na conquista de Presidência do país, fazendo uma análise das ameaças à democracia.

Jair Bolsonaro criticou a realizadora

Na semana passada, Bolsonaro criticou a realizadora, considerando-a uma "ativista anti Brasil" por "difamar a imagem do país no exterior, com 'fake news'".

Petra Costa esteve em Portugal para apresentar "Democracia em Vertigem", no festival IndieLisboa, no passado mês de maio, depois de estrear o documentário no festival de Sundance, nos Estados Unidos.

O festival português definiu "Democracia em Vertigem" como um "aviso para a fragilidade dos sistemas democráticos às forças do populismo".

O documentário "The Cave", do realizador sírio Feras Fayyad, estreado na semana passada no canal National Geographic, mostra a luta de médicos e enfermeiros num hospital subterrâneo durante o cerco de Goutha, na Síria.

A equipa continua a receber terapia para lidar com os efeitos desse trabalho.

Os cenários de guerra marcam também o melhor documentário em curta-metragem distinguido com o Óscar, "Learning to Skateboard in a Warzone (If You're a Girl)", de Carol Dysinger e Elena Andreicheva.

"Era Uma Vez... em Hollywood" deu a Barbara Ling e Nancy Haigh o Óscar de melhor cenografia, e "Mulherzinhas" garantiu a Jacqueline Durran o prémio de melhor guarda roupa.

"Le Mans '66: O Duelo" conquistou até agora os Óscares de melhor montagem (Michael McCusker e Andrew Buckland) e de melhor montagem de som (Donald Sylvester); "1917" conquistou os Óscares de melhor fotografia (Roger Deakins), melhor mistura de som (Mark Taylor e Stuart Wilson) e de melhores efeitos visuais foi para "1917" (Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy).

O Óscar de melhor caraterização foi para "Bombshell - O Escândalo" (Kazu Hiro, Anne Morgan e Vivian Baker).

"The Neighbors' Window", de Marshall Curry, conquistou Óscar de melhor curta-metragem.

"Era Uma Vez... em Hollywood", "Le Mans '66: O Duelo" somam dois Óscares, cada um; "1917" soma três.

Durante a cerimónia, o ator Tom Hanks anunciou a abertura do museu da Academia, em Hollywood, no próximo dia 14 de dezembro.

A 92.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos, realizou-se no Dolby Theatre, em Los Angeles, na noite de domingo, na Califórnia, madrugada de seguda-feira em Portugal.

Últimas