A OSCE vai "enviar para a Ucrânia observadores internacionais numa missão de acompanhamento especial", de acordo com uma resolução aprovada pelos 57 Estados-membros da organização.
Os observadores deverão ser enviados nas próximas 24 horas e permanecerão na Ucrânia durante seis meses, pelo menos, podendo o prazo da missão ser estendido a pedido do país, mediante aprovação dos Estados-membros da OSCE.
Composta inicialmente por 100 elementos, a missão pode aumentar chegar aos 500 observadores, "se necessário e de acordo com a situação", refere a resolução.
O embaixador russo junta da OSCE, Andrei Kelin, disse em Viena que a exclusão do acesso à Crimeia se prende com a nova realidade geopolítica.
"O mandato desta missão é absolutamente claro. Decorre da realidade geopolítica existente. A Crimeia é, desde hoje, parte da Federação Russa", disse o embaixador aos jornalistas.
Depois de ao longo da última semana ter bloqueado uma decisão relativamente a esta missão, o embaixador disse hoje que esta "pode ser um importante e primeiro passo no desagravar da tensão na região".
De acordo com o texto da resolução, citado pela agência noticiosa AFP, o objetivo é "contribuir em todo o país, e em cooperação com atores relevantes da comunidade internacional (como as Nações Unidas e o Conselho Europeu), para reduzir tensões e fomentar a paz, a estabilidade e a segurança".
Os observadores vão ficar sedeados na capital Kiev e deslocar-se-ão pela Ucrânia, visitando as cidades de Kherson e Odessa no sul, e Kharkiv e Donestsk no este.
"Ao longo do país, a missão vai recolher informação e fazer relatórios sobre as condições de segurança, reportando factos sobre incidentes, incluindo aqueles que digam respeito a supostas violações dos princípios fundamentais da OSCE", disse o presidente da organização, Didier Burkhalter, que é também o ministro suíço dos Negócios Estrangeiros.
Os direitos humanos e os direitos das minorais étnicas na Ucrânia vão também estar sob observação da missão.
A república autónoma da Crimeia, um território no sul da Ucrânia e de população maioritariamente russa, está no centro da tensão entre Moscovo e Kiev desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.
As autoridades locais da península autónoma recusaram reconhecer o novo Governo ucraniano e referendaram, no domingo passado, uma união com a Rússia, apoiada por 96,77% dos votantes.
Vladimir Putin assinou na terça-feira um tratado bilateral de união com o primeiro-ministro da república autónoma ucraniana da Crimeia, Sergei Aksionov, e outros dirigentes da península, ignorando as sanções ocidentais impostas contra Moscovo.
Durante os últimos dias, a república da Crimeia tem sido cenário de incidentes envolvendo forças pró-russas e militares ucranianos. As bases ucranianas na Crimeia estão cercadas e sob o controlo das forças pró-russas.
Lusa