Crise na Ucrânia

Parlamento ucraniano confirma pró-europeu Arseni Iatseniuk como novo primeiro-ministro

O Parlamento ucraniano designou hoje, por unanimidade,  o pró-europeu Arseni Iatseniuk como primeiro-ministro do novo governo de  transição da Ucrânia. 

Aos 39 anos, Arseni Iatseniuk vai liderar um governo de unidade nacional  que assumirá as rédeas do país, antes das eleições presidenciais antecipadas  agendadas para 25 de maio, depois de o Parlamento ter destituído no sábado  o Presidente Viktor Ianukovich. 

No seu discurso, Arseni Iatseniuk fez questão de não esconder a magnitude  da tarefa governativa, uma vez que a Ucrânia está à beira da falência. 

O político evocou a necessidade de um "governo de 'kamikazes'", por  causa das medidas impopulares que terão de ser aplicadas. 

"As contas públicas estão vazias, tudo foi roubado. Não prometo melhoramentos,  nem hoje nem amanhã. O nosso principal objetivo é estabilizar a situação.  A dívida pública é atualmente de 75 mil milhões de dólares. Em 2010, quando  Ianoukovitch chegou ao poder, a dívida era duas vezes inferior", explicou  Iatseniuk, aos deputados. 

"O desemprego está a um ritmo galopante, bem como a fuga de investimentos.  Não temos alternativa senão tomar medidas impopulares, incluindo a redução  dos programas sociais e dos subsídios, cortes orçamentais", acrescentou.

Arseni Iatseniuk também referiu a situação na Crimeia, no sul da Ucrânia,  onde dezenas de homens armados tomaram hoje o controlo do Parlamento e da  sede do Governo, hasteando nos dois locais bandeiras russas. 

"A integridade territorial está ameaçada, vemos manifestações de separatismo  na Crimeia. ( ... ) Digo aos russos, não nos confrontem, somos amigos e  parceiros", declarou o novo primeiro-ministro. 

A Crimeia era considerada pela União Soviética como parte da Rússia,  mas foi anexada à Ucrânia em 1954 e continua a albergar a frota naval russa  do Mar Negro na cidade portuária de Sebastopol. 

"A Ucrânia vê o seu futuro na Europa como membro da União Europeia (UE)",  disse ainda Iatseniuk, indicando ainda que não será candidato às presidenciais  em maio. 

Membro do partido que esteve na origem da Revolução Laranja, de Iulia  Timochenko, no sábado libertada da prisão, Iatseniuk já foi ministro da  Economia e dos Negócios Estrangeiros, uma experiência que poderá revelar-se  preciosa numa altura em que a Ucrânia corre o risco de uma bancarrota sem  uma rápida injeção financeira internacional. 

Segundo o ministro das Finanças interino, Kiev precisa de 35 mil milhões  de dólares em dois anos. 

Lusa

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