Orçamento do Estado 2014

ASPP diz que cortes na Administração Interna vão causar "degradação da segurança pública"

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais  da Polícia considerou hoje que o corte "significativo" de 6,8 por cento  no orçamento para a Administração Interna em 2014 conduzirá à degradação  da segurança pública, com efeitos "muito negativos no país". 

(Lusa/Arquivo)
PAULO CUNHA

Paulo Rodrigues, que falava á agência Lusa sobre a proposta de Orçamento  do Estado hoje apresentada pelo Governo, disse que os "cortes" previstos  em várias áreas irão afetar a "eficácia e a qualidade" da segurança pública,  apesar de o executivo insistir em dizer o contrário, num ano em que se prevê  que haja um aumento da criminalidade e da conflitualidade social. 

Os previsíveis cortes salariais e a repercussão negativa desta medida  na "motivação" e empenho dos polícias, assim como a falta de verbas suficientes  para despesas do dia-a-dia da polícia, incluindo equipamento, foram preocupações  manifestadas pelo presidente da ASPP, a par do facto de com este orçamento  "haver menos entradas" na PSP e "menos saídas para a aposentação", o que  agravará o problema do envelhecimento dos efetivos policiais. 

Dos dados disponibilizados pela proposta de Orçamento, Paulo Rodrigues  teme também que o executivo se prepare para acabar com o subsistema de saúde  da PSP, insistindo na convergência com a ADSE. 

O orçamento para a Administração Interna é de 1.949 milhões de euros,  verificando-se um diminuição de 6,8 por cento face a 2013, segundo a proposta  de lei do Orçamento do Estado para 2014 entregue hoje no parlamento. 

Em termos de estrutura da despesa total consolidada, o orçamento para  2014 evidencia que as despesas com pessoal e a aquisição de bens e serviços  absorvem, respetivamente, 77,1 e 13,2 por cento, dos recursos em 2014. 

A despesa do subsetor Estado apresenta uma diminuição de 6,4%, devido  essencialmente a medidas transversais de redução da despesa com o pessoal,  incluindo remunerações certas e permanentes, pensões de reserva, gratificações,  despesas de representação, suplementos e prémios, bem como em abonos variáveis  e eventuais e contribuições para a ADSE. 

Estas reduções, sublinha o Governo no documento , resultam de medidas  setoriais e de medidas transversais, incluindo a tabela remuneratória única,  o programa de rescisões e requalificação, a redução de suplementos remuneratórios  e o novo regime das 40 horas semanais. 

A proposta de lei do Orçamento do Estado prevê que seja "aplicada uma  redução remuneratória progressiva entre 2,5% e 12%, com caráter transitório,  às remunerações mensais superiores a 600 euros de todos os trabalhadores  das Administrações Públicas e do Setor Empresarial do Estado, sem qualquer  exceção, bem como dos titulares de cargos políticos e outros altos cargos  públicos". 

O subsídio de Natal dos funcionários públicos e dos aposentados, reformados  e pensionistas vai ser pago em duodécimos no próximo ano, segundo a proposta,  que mantém a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES)  sobre as pensões. 

No documento, o Governo refere que o défice orçamental deste ano vai  resvalar para os 5,9% do PIB, superando os 5,5% definidos para 2013 entre  o Governo e a 'troika' e confirma as previsões macroeconómicas, apontando  para um crescimento económico de 0,8% e uma taxa de desemprego de 17,7%  em 2014. 

Lusa 

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