Economia

Magistrados do MP consideram "absolutamente inadmissível" cortes salariais 

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público  (SMMP) considerou hoje que a redução salarial na Função Pública, preconizada  no Orçamento de Estado (OE) para 2014, é "absolutamente inadmissível" e  constitui "um grosseiro entorse ao princípio da igualdade". 

© Mariana Bazo / Reuters

Em comunicado, a direção do SMMP, presidida por Rui Cardoso, refere  que, "pelo quarto ano consecutivo, continuará a exigir-se de quem recebe  remunerações salariais de entidades públicas um significativo sacrifício  que não é exigido aos titulares de outros rendimentos." 

"O agravamento da redução salarial aplicada aos trabalhadores da Administração  Pública (em alguns casos, para mais do triplo!) constitui um grosseiro entorse  ao princípio da igualdade de contribuição para os encargos públicos, sendo  por isso absolutamente inadmissível", refere-se no documento. 

O SMMP lembrou que o Tribunal Constitucional "vem dizendo de forma inequívoca"  que "a imposição de sacrifícios mais intensos aos trabalhadores que exercem  funções públicas não pode ser justificada por fatores macroeconómicos relacionados  com a recessão económica e o aumento do desemprego". 

Por isso, a representação sindical dos magistrados do Ministério Público  sublinharam as reduções salarias, entre 2,5 a 12 % como prevê no OE2014,  não podem significar "uma maior penalização daqueles que servem o Estado",  pelo que o SMMP acentuou que o Governo deve encontrar "medidas de política  económica e financeira de caráter geral."  

"É falacioso e sem fundamento o argumento da eficácia imediata das medidas  de redução salarial. Vem sendo utilizado desde 2011 e até agora não resolveu  qualquer problema. Tinha o Governo a obrigação de aliviar tais reduções  -- a que aliás se comprometeu publicamente --, encontrando alternativas  para aumento de receita ou redução de despesa. Mais uma vez, continuará  a não haver verdadeira redução da despesa, assentando esta essencialmente  na redução dos salários e das prestações sociais", refere o SMMP. 

Acentuando que os cortes nos salários na função pública é "uma medida  despudoradamente inconstitucional", o SMMP frisou que o Governo de coligação  PSD/CDS-PP quer "afrontar" os juízes do Palácio Ratton. 

"Foi o Governo que optou por esta medida, será o Governo o único responsável  pela sua inconstitucionalidade e consequências políticas e económicas que  eventualmente daí advenham", refere-se no documento, esperando que o Presidente  da República volte a suscitar a apreciação preventiva da constitucionalidade.

Acrescentou ainda o SMMP que "a significativa redução do orçamento do  Ministério da Justiça é preocupante", pelo que se teme a "viabilidade da  implementação da nova organização judiciária, anunciada para 2014." 

Lusa    

 

Últimas