Quadros de Miró

Parvalorem recusa exibir coleção Miró com questões jurídicas pendentes

O galerista Carlos Cabral Nunes, responsável pelo lançamento da petição para a manutenção da coleção Miró no país, disse hoje à agência Lusa que a Parvalorem mantém a recusa de exibir as obras, alegando "questões jurídicas pendentes".

Contactado sobre a resposta da empresa que detém a coleção Miró ao renovado  pedido de exibição das 85 obras, na sequência do adiamento do leilão previsto  para junho deste ano, em Londres, Cabral Nunes disse que a resposta "foi  uma recusa sem recusar". 

"A Parvalorem não fecha a porta à exibição das obras, mas recusa-se  a fazê-lo neste momento, por não haver decisão sobre as duas providências  cautelares pendentes neste caso", disse o curador e galerista. 

Há uma semana, a Christies anunciou que tinha decidido adiar o leilão  da coleção Joan Miró (1893-1983) na posse do Estado português que estava  marcado para junho, devido a "questões legais e comerciais".  

Na quarta-feira, o Ministério Público (MP) anunciou que tinha sido notificado  pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL) da decisão de manter  o "decretamento provisório" que impede a saída da coleção Miró do país.

Para Carlos Cabral Nunes, que voltou a pedir à Parvalorem a exibição  das obras, o argumento da empresa para a recusa "é falacioso". 

"O tribunal decidiu que as obras não podem sair e não há nenhum impedimento  para a sua exibição", afirmou, acrescentando que irá enviar a questão à  Procuradoria-Geral da República, para esclarecer esta questão. 

Contactado pela Lusa, o presidente da Parvalorem e da Parups, Francisco  Nogueira Leite, confirma as afirmações ao galerista. "Como é do conhecimento  público, decorrem acções judiciais, pelo que entendemos conveniente e adequado  adoptar um direito de reserva, para não perturbar ou influenciar eventuais  decisões que os Tribunais venham a tomar", disse. 

Em abril, o MP anunciou que tinha pedido um decretamento provisório  de uma terceira providência cautelar entregue no TACL, para impedir a saída  das 85 obras na posse do Estado português, e que esta medida tinha sido  aceite. 

A medida foi contestada pela Parvalorem e pela Parups, sociedades anónimas  de capitais públicos que detêm a coleção, e que estão a organizar a sua  venda através de um leilão, em Londres, pela Chistie's, que já foi adiado  por duas vezes. 

As providências cautelares em curso visam a classificação da coleção,  e sustentam-se na Lei de Bases do Património Cultural, embora a Parvalorem  tenha vindo a afirmar que as obras entraram no país há menos de dez anos,  só podendo ser classificadas com autorização do proprietário. 

As obras do artista catalão, avaliadas em 35 milhões de euros, estão  na posse da Parvalorem e da Parups desde 2010, quando as empresas foram  criadas pelo Estado para gerir os ativos e recuperar os créditos do ex-BPN,  nacionalizado em 2008. 

Carlos Cabral Nunes tem estado a organizar um tributo a Joan Miró para  chamar a atenção para este caso. Iniciado no Porto, com vários eventos artísticos,  o tributo está agora a decorrer em Lisboa, com duas exposições. 

No âmbito da "(Con)Tributos da Liberdade a Joan Miró", está previsto  para 13 e 16 de junho, com concertos e posia, nomeadamente, no Musicbox,  um espetáculo com Manuel João Vieira, Flak, Alex Cortez e António Manuel  Ribeiro. 

Lusa

 

Últimas