Quadros de Miró

Secretária de Estado do Tesouro acredita que venda da coleção Miró vai realizar-se

A secretária de Estado do Tesouro acredita que a venda da coleção Miró vai realizar-se na data prevista. O leilão da Christie's está previsto para junho. Isabel Castelo Branco garantiu, esta manhã no Parlamento, que o processo não tem qualquer ilegalidade.

A secretária de Estado do Tesouro falava na Assembleia da República,  perante a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública no âmbito  de requerimentos do PCP sobre o processo de venda da coleção Miró. 

O PCP pediu a audição da secretária de Estado sobre as circunstâncias  e as responsabilidades políticas em torno da venda das obras de Miró provenientes  de coleção do Banco Português de Negócios (BPN) nacionalizado em 2008. 

"Até ao momento não houve nenhuma decisão judicial desfavorável, e estamos  convencidos que o processo não enferma qualquer ilegalidade, e não há razões  para impedir a sua prossecução", sustentou Isabel Castelo Branco perante  os deputados, relativamente às ações em curso no Tribunal Administrativo  de Círculo de Lisboa. 

Os deputados da oposição reiteraram o pedido de acesso ao contrato entre  a Parvalorem e a Christies para a venda, que até agora não foi divulgado  publicamente devido à existência de uma cláusula de confidencialidade pedida  pela leiloeira. 

A secretária de Estado disse que a existência de uma tal cláusula "é  normal" neste tipo de contratos, mas indicou que o Tribunal de Contas (TC)  "poderá analisar o processo se assim o entender". 

"De qualquer modo, o contrato não envolve qualquer despesa para a Parvalorem,  mas sim receita", apontou, relativamente ao TC, que fiscaliza as despesas  do Estado, ter revelado esta semana à imprensa que irá analisar se neste  caso foram cumpridos os requisitos previstos na lei. 

Sobre a possibilidade de exibição das obras em Portugal, a secretária  de Estado do Tesouro considerou que, com base na avaliação das despesas  e receitas dos principais museus nacionais, "tendo em conta os custos de  manutenção, seriam precisos muitos anos para obter um retorno" da coleção  Miró. 

A coleção, que ainda não foi exposta em Portugal, esteve em exibição  em Londres antes do leilão que estava marcado para o início de fevereiro,  e cancelado pela Christies, que não considerou a venda legalmente segura,  depois de o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa ter apontado ilegalidades  na saída das peças de Portugal. 

"A maximização das receitas é a nossa principal preocupação", sublinhou  Isabel Castelo Branco, acrescentando que a venda desta coleção de arte insere-se  no conjunto de operações "que têm como objetivo reduzir o endividamento  do Estado" resultante da nacionalização do BPN. 

"Não estamos a vender património cultural, mas ativos", sustentou, argumentando,  da mesma forma que os deputados do PSD e do CDS, que afirmaram durante a  audição, que se os ativos não forem vendidos, o dinheiro terá de sair dos  orçamentos para a saúde, educação e segurança. 

A Parvalorem é uma sociedade anónima de capitais públicos, criada em  2010 pelo Estado para gerir os ativos e recuperar créditos do ex-BPN, nacionalizado  em 2008, nomeadamente através da venda da coleção Miró. 

A coleção, com um valor base de licitação de 35 milhões de euros, regressou  ao país no final de fevereiro e, segundo a Parvalorem, encontra-se nos cofres-fortes  da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, tendo a empresa já pedido a autorização  de saída à Direção-Geral do Património Cultural.  

Com Lusa

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