Quadros de Miró

Christie's vai exibir coleção Miró pelo mundo antes do leilão

O presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite, disse hoje à agência Lusa que a leiloeira Christies vai promover a coleção de arte de Joan Miró em várias cidades do mundo antes do leilão marcado para junho.

Na terça-feira, o galerista e mentor da petição contra a saída da coleção  do país, Carlos Cabral Nunes, disse à Lusa que a leiloeira iria levar as  obras para Londres até ao final de abril, impossibilitando a sua exibição  em Portugal.  

Cabral Nunes, que tinha feito uma proposta à Parvalorem assegurando  um espaço para a exibição da coleção, lamentou esta resposta "sem qualquer  explicação plausível", que, no seu entender, "prejudica Portugal". 

Contactado hoje pela Lusa, o presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira  Leite, disse que a resposta da Christies "não se trata de recusa alguma,  mas que, desde o início, a exposição tinha ficado condicionada ao timing  que a leiloeira precisaria para promover as obras internacionalmente". 

"Segundo a leiloeira, esta precisa das obras no final de abril para  as transportar e promove-las em várias cidades do mundo antes do leilão.  Era um risco conhecido", indicou. 

A Parvalorem é uma sociedade anónima de capitais públicos, criada em 2010 pelo Estado para gerir os ativos e recuperar créditos do ex-Banco Português  de Negócios (BPN), nacionalizado em 2008. 

Questionado sobre quais são as cidades onde as obras vão ser promovidas  e em que datas, o presidente da Parvalorem disse desconhecer pormenores,  indicando que essa promoção da coleção está a cargo da leiloeira. 

Na semana passada, o mentor da petição que defende a manutenção das  85 obras de Miró em Portugal, reuniu-se com o presidente da Parvalorem para  propor a realização de uma exposição da coleção antes do leilão, previsto  para junho. 

Francisco Nogueira Leite, na sequência desse encontro, garantiu que iria contactar a leiloeira para apurar a possibilidade dessa exposição.

Na terça-feira Carlos Cabral Nunes disse ter sido informado de que "os  advogados da Christies em Portugal deram uma resposta lacónica a este assunto:  dizem que a leiloeira vai levar a coleção para Londres até ao fim de abril,  o que inviabiliza a realização da exposição". 

"Já tínhamos um acordo com um museu para acolher uma exposição da coleção  que, segundo as nossas estimativas, traria cerca de meio milhão de euros  para Portugal", disse Carlos Cabral Nunes, sem revelar qual seria o espaço.

Para o curador, "perde-se uma extraordinária oportunidade para mostrar  a coleção e esta recusa representa mesmo um ultraje à República portuguesa".

"Havia tempo suficiente para realizar a exposição em Portugal até porque  sabemos que o leilão só está previsto para 24 e 25 de junho", salientou.

Na semana passada, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) revelou  à Lusa que a Parvalorem já entregou um pedido de autorização de saída do  país da coleção de arte Joan Miró. 

A coleção, que ainda não foi exposta em Portugal, esteve em exibição  em Londres antes do leilão marcado para o início de fevereiro, depois cancelado  pela Christies, que não considerou a venda legalmente segura, depois de  o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa ter apontado ilegalidades  na saída das peças de Portugal. 

A coleção, com um valor base de licitação de 36 milhões de euros, regressou  ao país no final de fevereiro e, segundo a Parvalorem, encontra-se nos cofres-fortes  da Caixa-Geral de Depósitos, em Lisboa.

Lusa

Últimas