Quadros de Miró

Parvalorem e Christies adiam leilão do quadros de Miró marcado para junho 

A Parvalorem e a Christies anunciaram hoje  que decidiram adiar o leilão da coleção de arte Joan Miró na posse do Estado  português que estava marcado para junho, em Londres, devido a "questões  legais e comerciais". 

Num comunicado hoje divulgado, a Parvalorem não avança uma nova data:  "A Christie's espera reagendar a venda da coleção de 85 obras de arte de  Joan Miró assim que as questões legais e comerciais em torno da coleção  se encontrem resolvidas", refere o comunicado.  

É a segunda vez, este ano, que o leilão da coleção Miró é adiado devido  aos processos judiciais que têm sido interpostos pelo Ministério Público (MP) em Portugal para impedir a saída das obras do país.

No final de abril, o MP anunciou que tinha interposto uma terceira providência  cautelar no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL) para impedir  a saída das obras do país, avaliadas em 35 milhões de euros, e que esta  tinha sido aceite. 

A providência cautelar foi justificada pelo MP com a "defesa do património  cultural e dos bens do Estado". 

As empresas Parvalorem e Parups, sociedades anónimas de capitais públicos,  pediram o levantamento dessa medida provisória decretada pelo tribunal,  mas até hoje não houve uma decisão judicial sobre o caso. 

As obras do artista catalão estão na posse da Parvalorem e da Parups  desde 2010, quando as empresas foram criadas pelo Estado para gerir os ativos  e recuperar os créditos do ex-Banco Português de Negócios (BPN), nacionalizado  em 2008. 

Apesar da forte contestação dos partidos da oposição, no parlamento,  o Governo tem reiterado a decisão de vender a coleção em leilão por considerar  que é mais transparente. 

Em fevereiro deste ano, o MP interpôs duas providências cautelares no  TACL sobre esta coleção, pedindo a suspensão da venda do acervo em leilão,  que foi indeferida pelo mesmo tribunal, tendo a juíza, no entanto, apontado  a ilegalidade da saída das obras do país, sem as devidas autorizações. 

Na altura, a Christie's cancelou o leilão previsto para 04 de fevereiro,  receando as implicações da decisão judicial, e enviou novamente as obras  para Portugal, marcando novo leilão para junho. 

Já em abril, as empresas pediram autorizações de saída da coleção à  Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), entidade competente nesta matéria,  que validou os documentos nesse sentido. 

No entanto, as empresas foram multadas pela DGPC em cerca de 35.000  euros por ter sido considerada ilícita a saída da coleção para Londres no  final de 2013, decisão que foi depois contestada pela Parvalorem e a Parups.

O contrato com a Christies - que a leiloeira e as empresas se recusam  a tornar público por motivos de confidencialidade - foi analisado em abril  pelo Tribunal de Contas (TdC), depois de deputados da oposição terem levantado  dúvidas sobre a natureza do acordo, defendendo a sua fiscalização. 

O TdC concluiu, na altura, que o contrato celebrado pela Parvalorem  com a leiloeira Christie's, para venda da coleção Miró, não precisava de  visto prévio para ser executado. 

O caso da venda da coleção foi debatido ao longo de vários meses na  Assembleia da República, depois da entrada de uma petição pública em defesa  da "Manutenção em Portugal das obras de Miró", que reuniu mais de dez mil  assinaturas. 

Quando a petição foi lançada, em janeiro, o secretário de Estado da  Cultura, Jorge Barreto Xavier, que também foi chamado ao parlamento para  prestar esclarecimentos sobre este caso, disse que a aquisição da coleção  Miró não era considerada "uma prioridade no atual contexto de organização  das coleções do Estado" português. 

Lusa

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