De acordo com a Agência Espacial Brasileira, foram detetados 72 mil focos de incêndio, o dobro face ao mesmo período de 2018.
Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, declarou, esta terça-feira, que passou de "capitão motosserra" a Nero, o imperador responsável pelo incêndio que devastou a cidade de Roma. "Agora estou a ser acusado de incendiar a Amazónia. Nero! É o Nero a por fogo a Amazónia." O Presidente brasileiro diz ainda: "estamos apenas na época das queimadas".
Certo é que, os incêndios na Amazónia estão a atingir um número recorde e o estado do Amazonas já decretou emergência no Sul e na capital Manaus devido ao "impacto negativo da desflorestação ilegal e queimadas não autorizadas", escreve a imprensa brasileira.
Depois de o Amazonas decretar a situação de emergência, o governo do Acre declarou, na sexta-feira passada, estado de alerta ambiental, também devido aos incêndios em matas.
O número de focos de incêndio no país já é o maior dos últimos sete anos.
Esta segunda-feira, o céu de São Paulo escureceu de repente, por volta das 15h00, com a chegada de uma nuvem de fumo. A população queixa-se do ar irrespirável e das cinzas que caem do céu.
Segundo um especialista citado pelo Vice, Mark Parrington, os incêndios na Amazónia libertam em média de 500 a 600 toneladas de dióxido de carbono durante um ano típico. Em 2019, já foram libertadas 200 toneladas.
2019 com mais 70% de incêndios do que o ano anterior
O número de incêndios no Brasil cresceu 70% este ano, em comparação com período homólogo de 2018, tendo o país registado 66,9 mil focos até ao passado domingo, com a Amazónia a ser o bioma mais afetado.
De acordo com a imprensa brasileira, que cita dados do "Programa de Queimadas" do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma (conjunto de ecossistemas) mais afetado é o da Amazónia, com 51,9% dos casos, seguindo-se o cerrado - ecossistema que cobre um quarto do território do Brasil - com 30,7% dos focos registados no ano.
O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, ficando atrás em extensão apenas da floresta amazónica, com dois milhões de quilómetros quadrados.
Segundo o portal de notícias UOL, em números absolutos, Mato Grosso é o estado com mais focos de incêndio registados no Brasil, com 13.109, sendo seguido pelo Pará, com 7.975.
O Inpe, órgão do Governo brasileiro que levanta os dados sobre a desflorestação e queimadas no país, foi alvo de críticas recentes por parte do Presidente Jair Bolsonaro, que acusou o Instituto de estar a serviço de algumas organizações não-governamentais por divulgar dados que apontam para o aumento da desflorestação da Amazónia.
As recentes divulgações do Inpe apontam que a desflorestação da Amazónia cresceu 88% em junho e 278% em julho, comparativamente com o mesmo período do ano passado.
No entanto, o Governo brasileiro nega esses dados.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).
Com Lusa