Hugo Chavez

Cuba perde um "aliado vital" com a morte do presidente venezuelano

Hugo Chávez, o "delfim" de Fidel Castro no sonho  de unir a América Latina perante aquilo que classifica de imperialismo norte-americano,  foi para Cuba um "aliado vital", cujo apoio e petróleo permitiram alguma  tranquilidade a este país.  

Fidel Castro e Hugo Chávez em Cuba, em Março de 2012 / Reuters
© Handout . / Reuters

A Venezuela de Hugo Chávez foi uma tábua de salvação para Cuba depois  dos anos difíceis do "Período Especial" declarado após a queda do bloco  soviético e que submergiu a ilha numa grave crise, cujas sequelas ainda  não foram superadas, considera a agência espanhola de notícias EFE, num  despacho divulgado na noite de hoje. 

Os governos de Caracas e Havana assinaram em 2000 um importante acordo  de cooperação bilateral, segundo o qual a Venezuela fornece petróleo a Cuba  e este país paga-o através de serviços médicos, educativos e desportivos,  entre outros. 

Com Chávez, Cuba recebeu diariamente 100.000 barris de crude venezuelano  e, por sua vez, uns 45.000 cubanos, a maior parte ligados ao setor da saúde,  auxiliam planos sociais, médicos e desportivos na Venezuela. 

Nos últimos 12 anos, o governo de Hugo Chávez converteu-se no principal  aliado da ilha, ao ponto do intercâmbio comercial com a Venezuela (que ascendeu  a mais de 6.000 milhões de dólares em 2010) representar 40 por cento do  total registado em Cuba. 

Essa aliança, segundo a EFE, foi muito mais além do aspeto económico,  pois Hugo Chávez, com a sua revolução bolivariana, transformou-se no aluno  mais estudioso de Fidel Castro: quando Caracas e Havana firmaram o seu acordo  de 2000, já o líder cubano destacava o "papel extraordinário" a que estava  chamada a desempenhar a Venezuela "na luta pela unidade latino-americana  e dos países do Terceiro Mundo". 

Chávez guardou o testemunho do seu veterano mentor e, no ano seguinte,  propôs a criação da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA),  novo instrumento de integração regional que nasceu como alternativa à Área  de Comércio Livre para as Américas (ALCA), então impulsionada pelos Estados  Unidos da América. 

A ALBA foi constituída em 14 de dezembro de 2004 por um acordo subscrito  em Havana entre a Venezuela e Cuba. Nos anos seguintes, quando a região  dava uma viragem política à esquerda, aderiram a Bolívia de Evo Morales,  a Nicarágua de Daniel Ortega e o Equador de Rafael Correa, como membros  mais destacados. 

Unidos na economia e na política, Hugo Chávez e Fidel Castro também  o estiveram nas graves doenças que ambos sofreram. 

Quando, em 2006, Fidel Castro adoeceu e delegou o poder no seu irmão  Raul, foi o presidente venezuelano que, em inúmeras ocasiões, dava informações  sobre a situação do líder cubano (a sua doença foi declarada segredo de  Estado) e quem mais aparecia junto a ele nas fotografias e vídeos que permitiam  conhecer a sua recuperação. 

Lusa

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