Armando Vara diz que está pronto para cumprir os 5 anos de cadeia a que foi condenado no processo Face Oculta. O ex-ministro socialista assegura que é inocente, mas garante que vai acatar a decisão dos tribunais. A SIC sabe que deverá entregar-se hoje na prisão de Évora.
Esta segunda-feira, em entrevista à TVI, disse ainda que espera que o que lhe aconteceu não aconteça aos outros.
Armando Vara admite assim a derrota depois de perder todas as batalhas na Justiça. Condenado há mais de 4 anos no processo Face Oculta, o antigo ministro recorreu para a Relação, para o Supremo e a seguir para o Constitucional mas nenhum dos tribunais lhe deu razão.
A defesa tinha ainda hipótese até 9 de dezembro para apontar algum erro à última decisão mas, em declarações ao site Observador, Armando Vara tinha mostrado já ter desistido.
"Meus senhores, não vou meter recurso, aguardo que me indiquem onde me devo apresentar'".
"Se o juiz achou que eu tenho uma dívida com a sociedade, quero pagá-la. Por mim, estou pronto para me apresentar quando quiserem".
Em declarações à agência Lusa, o advogado de Vara disse esperar que as autoridades tenham a decência de deixarem o cliente passar o Natal em família.
"Espero que haja a decência de deixarem o meu cliente passar o Natal com a família, mas vamos ver. Com o meu cliente já tudo é possível. Tudo anda mais depressa. A vontade de o ver preso é tal", afirmou Tiago Rodrigues Bastos.
Armando Vara está condenado a 5 anos de prisão por três crimes de tráfico de influência. O Tribunal de Aveiro deu como provado que o então vice presidente do BCP recebeu 25 mil euros e outros 7 mil euros em prendas para favorecer as empresas de Manuel Godinho, um empresário das sucatas de Ovar. Vara continua a negar.
"Eu sou inocente. Não cometi nenhum dos crimes de que sou acusado. Imagina, por isso, o sentimento de revolta que vai comigo, não é? Mas, a seu tempo, acredito que vou acabar por prová-lo".
Para além deste processo, Armando Vara está ainda a contas com a Operação Marquês.
Acusado de crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, é suspeito de ter recebido 1 milhão de euros para facilitar um empréstimo de 200 milhões ao empreendimento Vale do Lobo, quando era administrador da Caixa Geral de Depósitos.
Outro milhão terá ido parar às mãos do amigo e ex-primeiro-ministro José Sócrates.