Ricardo Costa, da SIC, considera “absurdo” que a primeira medida do novo Executivo tenha sido mudar o símbolo administrativo do Governo. A mudança ocorreu imediatamente após a posse, com a página do XXIV Governo Constitucional a exibir logo o anterior logótipo, que tinha sido alterado pelo Executivo de António Costa.
“Isto era impensável há uns anos, que a primeira medida de um governo fosse de cosmética ou estética.”
O Governo do PS tinha alterado o símbolo há um ano. Agora, a esfera armilar, as quinas e os castelos foram repostos. Mas o logótipo do Governo, explica o comentador, tem uma função - e foi mudado, desde logo, precisamente porque, sendo simplificado, tinha maior aplicação digital.
Para Ricardo Costa, não se pode confundir um “símbolo administrativo” com algo “intocável” como a bandeira nacional. “Mudar o símbolo administrativo não é o mesmo que pôr em causa a identidade nacional", sublinha, notando, contudo, que, nas redes sociais, não é assim que a realidade é tratada.
Costa nota que este tipo de tema é “popular”, uma vez que o tweet “mais visto de sempre” de Luís Montenegro, feito “um dia ou dois depois de André Ventura ter feito um parecido”, é precisamente sobre esta questão - e que o segundo tweet mais visto do líder social-democrata tem metade das visualizações.
Para o comentador, é “preocupante” que este tipo de temas impeçam um “discurso sofisticado” e constituam uma “armadilha” para o Governo.
“Este governo também vai ser vítima de coisas que correm nas redes sociais e que o impedem de tomar decisões livremente”, alerta. “Qualquer governo estará cercado por questões impopulares ou populares que nascem em ambiente de redes sociais e que condicionam brutalmente a sua governação.”
Encontro entre Marcelo e Montenegro
Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro reúnem-se, esta tarde, em Belém. O primeiro-ministro deverá levar os nomes, ainda desconhecidos, dos secretários de Estado escolhidos para o novo Governo.
Ricardo Costa considera que seria importante haver paridade entre homens e mulheres nesta lista e que ela se alargasse a um núcleo não tão fechado e próximo de Montenegro como o dos ministros escolhidos.
O comentador considera ainda que o Presidente da República e o primeiro-ministro devem falar sobre as estratégias a adotar, depois de os discursos que fizeram na cerimónia de posse do novo Governo terem sido, na opinião de Ricardo Costa, “um pouco dissonantes”.
“Marcelo Rebelo de Sousa bateu muito na tecla de que este é um Governo com apoio curto e que é preciso que governe alargando a sua base de apoio. Luís Montenegro optou por uma estratégia diferente, de fechar e encostar o Partido Socialista à parede.”
Ainda em relação à cerimónia de posse, Ricardo Costa defende que foi “um erro” Pedro Nuno Santos não ter comparecido e que, se não pôde ir, deveria, pelo menos, explicar porquê.
De resto, Ricardo Costa dá razão ao secretário-geral socialista quanto ao facto de o primeiro discurso do novo primeiro-ministro ter sido “para encostar o PS à parede”, quando “o PSD precisa do PS”.
“É uma estratégia legítima, certamente pensada”, reconhece Ricardo Costa, mas sendo este um governo “com maioria muito curta” precisa de “aumentar essa legitimidade”. “A estratégia do confronto pode ser arriscada”, conclui.