O Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN) anunciou em comunicado que hoje às 07:24 (06:24 em Lisboa) a equipa do seu centro de controlo "extraiu os feixes" do LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, iniciando a "conclusão bem sucedida" dos primeiros três anos de operação da máquina.
O LHC, que provoca a colisão de partículas subatómicas umas com as outras para entender melhor o micro-momento após a criação do Universo, há 14 mil milhões de anos, e a constituição da matéria nos seus componentes mais elementares, ficará completamente desligado no sábado e só voltará a funcionar em 2015.
O acelerador de partículas funciona num túnel circular de 27 quilómetros de extensão construído a uma profundidade de entre 50 e 175 metros na fronteira entre a Suíça e a França.
"Temos todas as razões para estarmos muito satisfeitos com os primeiros três anos do LHC", disse o diretor-geral do CERN, Rolf Heuer, citado no comunicado da instituição. "A máquina, as experiências, as instalações informáticas e todas as infraestruturas comportaram-se brilhantemente, e temos uma importante descoberta científica no bolso".
Heuer referia-se ao Bosão de Higgs, partícula subatómica que os cientistas acreditam ter observado pela primeira vez a 04 de julho de 2012 no LHC, mas cuja existência foi teorizada há mais de 40 anos pelo físico britânico Peter Higgs como a chave para explicar de que forma as outras partículas elementares (que não são compostas de partículas mais pequenas), como os eletrões e os quarks, têm massa.
Os investigadores do CERN dizem ter 99,9% de certeza de que a partícula observada é de facto o Bosão de Higgs.
Com um custo de 50 milhões de francos suíços (40 milhões de euros), a operação de consolidação e manutenção do LHC permitirá aumentar o nível de energia com que o acelerador faz colidir partículas umas contra as outras.
Isto é necessário para confirmar definitivamente que a partícula observada em julho é o Bosão de Higgs, mas também para permitir ao LHC testar novas dimensões e características da matéria como a supersimetria e a matéria negra.
Entretanto, o CERN não estará inativo: "Haverá muita física para fazer durante esta pausa de longa duração", disse o diretor de investigação do CERN, Sergio Bertolucci.
Entre outras coisas, os cientistas terão uma enorme quantidade de dados para analisar, já que, segundo o comunicado hoje divulgado, nas últimas semanas a quantidade de dados registados nos sistemas de memória do CERN superou o recorde de 100 petabytes, o equivalente a 700 anos de filmes de alta definição.
Lusa