O fantasma de Jeffrey Epstein continua a assombrar Donald Trump. Congressistas do Partido Democrata divulgaram uma carta de 2003, alegadamente enviada por Trump ao milionário condenado por abusos sexuais. A carta, que inclui o desenho de uma mulher nua, é atribuída ao próprio Trump.
Entre a silhueta de uma mulher nua, lemos um diálogo imaginário entre Trump e o amigo Epstein. O desenho e as palavras fazem parte de um livro que diversos amigos ofereceram ao milionário em 2003, no dia em que Epstein completou 50 anos.
Nessa altura, Trump e Epstein eram próximos. Em 2006, começaram as suspeitas de que Epstein era um abusador de menores; ele e a mulher acabaram detidos. Morreu na cadeia em 2019, tendo-se suicidado, e ela cumpre uma pena de 20 anos. Ghislaine Maxwell era a angariadora de raparigas menores de idade para o marido e para alguns amigos do casal.
O caso tem perturbado o segundo mandato de Donald Trump, com os próprios indefetíveis do presidente a exigirem que os ficheiros do milionário sejam integralmente revelados. Esta carta, libertada por congressistas democratas, é a ponta do iceberg.
"Temos coisas em comum, Jeffrey", lê-se no diálogo imaginário. "Parabéns... façamos de cada dia um segredo magnífico." A assinatura de Donald Trump surge no fim do diálogo.
A Casa Branca já veio dizer que o desenho e a mensagem não são de Trump. Contra o Wall Street Journal, que descreveu o desenho em julho, corre um processo por difamação. A notícia do Wall Street Journal motivou uma imediata reação de Trump.
Diariamente, Trump dispara em todas as direções, tentando desviar os olhares para outros alegados abusos. Em Los Angeles, as autoridades federais estão a deter latinos que não falam inglês ou que têm pronúncia latina.
Em Chicago, a força especial que controla a imigração tem levado a cabo uma onda de detenções, fazendo a associação direta entre imigrantes e o aumento do crime na terceira maior cidade do país.
O presidente norte-americano esforça-se, de facto, por desviar atenções, mas nada parece querer travar o processo que lhe foi movido pela escritora Jean Carroll, que acusa Trump de a ter violado em 1996.
O processo tem corrido na justiça e Trump voltou a perder. O ataque à reputação da escritora, que o presidente tem concretizado nas suas redes sociais, fez disparar a indemnização a pagar, que já chegou aos 83 milhões de dólares.
Trump nega e tem negado. "Ela não faz o meu tipo", afirmou o presidente em 2019. A frase é o título do último livro da escritora.