O estudo intitulado “Patentes e inovação contra o cancro”, divulgado no início do mês de fevereiro, mostra que nos últimos 50 anos foram dados a conhecer publicamente acima de 140 mil invenções de combate ao cancro, sendo que entre 2015 e 2021, as invenções aumentaram em 70%.
Mas qual é o panorama nacional no que à investigação do cancro diz respeito? Segundo o mesmo documento, Portugal encontra-se na 37ª posição a nível mundial e a nível europeu ocupa o lugar 17, tendo registado 145 famílias de patentes internacionais (FPI) entre 2002 e 2021. Entre as instituições portuguesas mencionadas, o destaque vai para a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho e o iMM – Instituto de Medicina Molecular.
“Os avanços médicos estão a ajudar muitos de nós a viver mais tempo. Isso significa que temos maior probabilidade de nos encontrarmos com o cancro nas nossas próprias vidas ou nas dos nossos familiares e amigos mais próximos”, lembra António Campinos, presidente da OEP.
Na União Europeia, espera-se que 31% dos homens e 25% das mulheres sejam diagnosticadas com cancro antes de completarem 75 anos. "É por isso que a inovação pode dar-nos esperança para o futuro", reforça o presidente da OEP. Na verdade, são as inovações tecnológicas e a investigação aplicada ao cancro que podem melhorar os resultados desta doença que aumenta a sua incidência em todo o mundo.
O estudo tem como complemento uma plataforma digital, criada pela OEP, que é de acesso livre e que simplifica o acesso a informação técnica contida nas patentes, a partir de pesquisas pré-definidas em bases de dados. “A plataforma que lançamos terá um papel preponderante na luta contra o cancro, capacitando os cientistas de informação técnica e conhecimento necessários ao desenvolvimento de futuras investigações e apoiando o seu trabalho na criação de novas tecnologias que permitam salvar vidas”, explica António Campinos.
A plataforma chama-se “Technologies combatting cancer” e incorpora acima de 130 conjuntos de dados sobre prevenção e deteção precoce, diagnóstico, terapias, e bem-estar e cuidados posteriores. Inclui 140 mil invenções, assim como outras adicionais. Esta é a quarta plataforma do género desenvolvida pela OEP, sendo que anteriormente já tinha lançado plataformas para o novo coronavírus, as tecnologias de energia limpa e também de combate aos incêndios.
EUA lideram, Europa está em segundo lugar
A Europa ocupa a segunda posição - com uma quota de 18%, seguida do Japão com 9% - no que à investigação nesta área diz respeito, mas o presidente da OEP acredita que ainda “podemos e devemos fazer muito mais neste domínio”. Os Estados Unidos lideram a inovação relacionada com o cancro a nível mundial, com quase 50% de todas as FPI de 2002 a 2021 atribuídas a requerentes norte-americanos.
Na Europa, a Alemanha é o país líder, seguido do Reino Unido que emergiu como o segundo maior “inventor". França fecha o top 3.
Mais de 5 milhões
de vidas foram salvas - só na União Europeia - graças às invenções no domínio da oncologia, que ocorreram entre 1989 e 2022
Inovações moldam futuro dos tratamentos
Os avanços feitos nas imunoterapias e nas terapias genéticas têm desempenhado um papel crucial no estado da arte dos tratamentos que hoje em dia são administrados aos doentes em todo o mundo. Só entre 2015 e 2021, o número de FPI em terapias genéticas duplicou. No caso da imunoterapia - para o mesmo período de tempo - este número mais do que duplicou. Verificou-se, ainda, um aumento de registo de patentes no domínio do diagnóstico do cancro e de outros avanços ao nível da inteligência artificial aplicada aos cuidados de saúde, centrados em técnicas avançadas de processamento de imagem e de algoritmos de “machine learning”, o que promove a precisão e a eficácia do diagnóstico de neoplasias malignas.
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