Saúde e Bem-estar

"Ouve-nos? Sabe que estamos aqui?": alguns doentes em coma podem apresentar alguma consciência

Alguns doentes em coma recuperam, mas muitos podem permanecer assim durante décadas. Durante esse tempo, familiares e amigos questionam-se se estão a ser ouvidos e se o doente sabe que ali estão. Foi para responder a essas perguntas que uma equipa de investigadores avançou para o estudo.

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SIC Notícias

Os doentes em coma podem apresentar algum grau de consciência. Num estudo, um quarto dos pacientes em coma produziu sinais cerebrais semelhantes aos de pessoas saudáveis durante um teste à atividade cerebral.

Os investigadores partiram de perguntas feitas por familiares e amigos quando têm alguém próximo em coma. "Ele ouve-nos?" ou "Sabe que estamos aqui?". O objetivo é esclarecer estas questões angustiantes. Alguns doentes em coma recuperam, mas muitos podem permanecer assim durante décadas.

Uma equipa de cientistas avaliou a "dissociação cognitivo-motora" (um estado em que as pessoas não conseguem responder fisicamente mas apresentam atividade cerebral), com base em dados de 353 pacientes que sofreram lesões cerebrais graves.

Os investigadores pediram que se imaginassem a fazer determinadas coisas, como jogar ténis ou abrir a mão e fechar.

Em cerca de um quarto, os cérebros produziram sinais semelhantes aos de pessoas saudáveis quando lhes é feita a mesma pergunta. Esta reação é interpretada como um sinal de que mantêm algum grau de consciência.

Para perceber melhor as pessoas que apresentam algum grau de consciência mas que não conseguem comunicar, os investigadores sugerem o uso de implantes cerebrais, adianta o jornal espanhol El Pais.

Contudo, apesar de as conclusões do estudo poderem entusiasmar familiares e amigos de pacientes em coma, os cientistas lembram que não significa que vão recuperar. Além disso, podem apresentar atividade apenas no momento do estimulo.

O estudo "Cognitive Motor Dissociation in Disorders of Consciousness" foi publicado este mês no The New England Journal of Medicine. Tem como autor o neurocientista Adrian Owen e outros 50 especialistas, incluindo neurologistas, médicos, especialistas em imagem e cientistas.

Esta não foi a primeira vez que foi realizado um estudo à atividade cerebral. Desde que é estudada, há décadas, muitos investigadores encontraram resultados semelhantes.

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