Saúde e Bem-estar

Bebidas com açúcar: Estado ganha milhões, mas obesidade continua a aumentar

A Ordem dos Nutricionistas diz que a medida não teve efeito prático na realidade da saúde portuguesa, nomeadamente na obesidade infantil, enquanto o setor das bebidas açucaradas se sente injustiçado.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Andrés Gutierrez

O imposto sobre as bebidas açucaradas obrigou à diminuição do teor de açúcar, mas segundo a Ordem dos Nutricionistas a medida não significou ganhos para a saúde. O sector das bebidas pede, por isso, o fim da tributação.

Em 2017 o governo pôs em marcha um imposto sobre refrigerantes e bebidas energéticas, alegando o consumo excessivo de açúcar.

Até 2023, o Estado arrecadou com esta taxação 432 milhões de euros, uma tributação injusta, na perspetiva do sector.

"É um imposto altamente discriminatório, não só porque incide exclusivamente sobre a categoria de produtos alimentares, mas também injusto e desproporcionado, é para reduzir o teor da açúcar mas também incide sobre bebidas sem açúcar como as de 0%", disse Francisco Furtado de Mendonça da Associação Portuguesa de bebidas refrescantes não alcoólicas.

Do ponto de vista da saúde, a Ordem dos nutricionistas, considera que a medida não se traduziu em ganhos, nomeadamente, na obesidade infantil.

"A obesidade não acompanhou este processo, até aumentou nos últimos anos apesar destes dados nos dizerem que o consumo diminui, o consumidor vai fugir a esse produto, mas poderá virar para produtos ricos em gordura que não receberam o mesmo produto de tratamento", explicou Liliana Sousa, bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

O sector entende que a autorregulação devia ser suficiente, até porque, alega estar a ser prejudicado em termos de negócio.

A proibição gerada pelo aumento do preço de alguns produtos terá levado alguns consumidores a optarem por comprar outros menos saudáveis, apela, assim, a uma maior transversalidade na aplicação de medidas.

Promover a literacia em saúde e ensinar a comer de forma mais saudável é o caminho mais correto, diz a Ordem dos Nutricionistas

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