O Ozempic e o Wegovy são duas marcas de medicamentos utilizados para os diabetes e para a perda de peso. No entanto, novos estudos sugerem que podem também ajudar noutras complicações de saúde, adianta a agência Reuters.
Os medicamentos para a perda de peso saltaram à vista em 2023, tanto nas redes sociais como em laboratórios e consultórios médicos. Foram apresentados como uma nova forma de lidar com taxas recorde de obesidade.
Os medicamentos conhecidos como agonistas do GLP-1 "imitam" a hormona que retarda a ingestão e ajuda as pessoas a sentirem-se saciadas durante mais tempo.
GLP-1
A agência Reuters apresenta um explicador sobre as várias doenças que o Ozempic, um medicamento para diabetes mellitus tipo 2 da Novo Nordisk, e o Wegovy, fármaco para perda de peso, podem tratar.
Os dois tratamentos têm em comum um ingrediente ativo, o semaglutida. Integram os chamados medicamentos GLP-1, que ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue e provocam uma sensação de saciedade.
Novos dados apresentados pela Reuters sugerem que a semaglutida, presente nos medicamentos em causa, pode também ajudar, por exemplo, no risco vascular cerebral e problemas neurológicos. Por outro lado, pode retardar a progressão da doença renal em pacientes com diabetes.
Os GLP-1 estão a ser testados para as seguintes condições:
Doença renal crónica:
O fármaco tirzepatida, da Eli Lilly, uma terapia com GLP-1 vendida para diabetes e para perda de peso, está a ser avaliado em casos de doença renal crónica em pacientes com obesidade. A investigação pretende contar com a participação de 140 pessoas.
Doença cardiovascular:
O tirzepatida também está a ser testado para pacientes com insuficiência cardíaca e obesidade. O estudo, que deverá estar concluído até julho de 2024, deverá contar com cerca de 700 pessoas.
Investigadores da Universidade de Hong Kong também estão a estudar a influência em pacientes com derrames causados pelo bloqueio de vasos sanguíneos no cérebro. O estudo deverá ter 140 participantes.
Problemas neurológicos:
Investigadores dinamarqueses vão estudar o tratamento para a hipertensão intracraniana idiopática, uma condição associada à obesidade em que a pressão dentro da cabeça aumenta. O estudo, que quer contar com 50 pacientes, deverá estar finalizado em 2025.
Alzheimer:
A Novo Nordisk está a estudar a semaglutida em pacientes com doença de Alzheimer em estágio inicial. O estudo, que envolverá 1840 pacientes, poderá chegar a conclusões primárias em 2025.
Doença hepática:
Doentes com esteatose hepática não alcoólica (EHNA), uma doença hepática, está também a ser estudada pela Novo Nordisk. A investigação, que vai envolver 1200 pacientes, só deverá estar terminada em 2028.
A influência do tirzepatida também está a ser estudada com quase 200 pessoas com EHNA.
Parkinson:
Investigadores do Hospital Universitário de Toulouse, em França, estão a analisar o medicamento Adlyxin em cerca de 155 pacientes com Parkinson precoce. O fármaco poderá retardar a progressão dos sintomas motores.
Apneia do sono:
Um estudo ao tirzepatide, da Lilly, que envolveu 469 pessoas com apneia do sono e obesidade, está em fase final de testes. Esta investigação incluiu pessoas que utilizam dispositivos respiratórios que ajudam a manter as vias aéreas abertas enquanto dormem, e pessoas que não usam.
Um estudo do Hospital Infantil de Cincinnati sugere que o fármaco Victoza, de GLP-1, ajuda a reduzir a gravidade da apneia do sono em 12 de 18 pacientes adultos sem diabetes.
Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP):
A liraglutida, um ingrediente ativo nos medicamentos Victoza e Saxenda, ajudou a "reduzir significativamente" os níveis elevados de testosterona em mulheres obesas com síndrome dos ovários policísticos, o distúrbio hormonal mais comum em mulheres em idade reprodutiva. A conclusão é de um estudo de investigadores de Los Angeles que contou com 88 participantes.
Osteoartrite do joelho:
A retatrutida, um medicamento para a obesidade, foi estudada em 405 pacientes com excesso de peso e osteoartrite do joelho, uma doença articular degenerativa.
Dependência de álcool:
Será que o tratamento com semaglutida ajuda a reduzir a dependência do álcool? É o que investigadores da Universidade de Copenhaga pretendem perceber. Para isso, estudaram a influência em 108 pessoas obesas e com dependência do álcool.