Saúde e Bem-estar

"Pacientes com esclerose múltipla apresentam défices de memória social"

A esclerose múltipla é uma doença crónica autoimune que apresenta sintomas motores e sensitivos como perda de força e visão dupla, mas também alterações cognitivas. Estudo pretende contribuir para melhorar o diagnóstico e tratamento da doença.

Catarina Lázaro

Miguel Castro

Luis Dinis

A esclerose múltipla afeta seis mil pessoas em Portugal e sabe-se que destrói os nervos e impede que as ordens do cérebro cheguem a todo o corpo, levando à perda progressiva de funções essenciais. O que não se sabe ao certo é como afeta a memória social, a rede de relações e afetos.

O Hospital de Braga está a desenvolver um projeto que testa a memória social nas pessoas com esclerose múltipla, por meio de um jogo, enquanto realizam uma ressonância magnética.

“A ideia de fazermos parte dessa avaliação dentro da máquina tem um propósito muito importante que é: vermos a atividade do cérebro enquanto os doentes executam a tarefa. Ou seja, nós conseguimos perceber que áreas do cérebro é que pessoas com a doença e sem a doença se estão a recrutar em diferentes momentos”, explica Torcato Meira, médico do Serviço de Neurorradiologia do Hospital de Braga.

Neste estudo que arrancou há dois anos no Hospital de Braga participaram 20 doentes com esclerose múltipla e 20 pessoas saudáveis. Os investigadores já identificaram diferenças entre os dois grupos ao nível da memória social, ou seja, a memória que temos uns dos outros.

“Não estamos a abordar uma função cognitiva, que nunca foi avaliada em esclerose múltipla. Os pacientes com a doença apresentam défices neste domínio cognitivo de memória social, também percebemos que esses défices se associam a um maior número de lesões e volume de lesão que estes doentes apresentam. Em termos funcionais, pessoas com a doença recrutam determinadas áreas muito específicas do cérebro, enquanto que os doentes com esclerose múltipla não o fazem”, conta o neurorradiologista.

O jogo foi desenvolvido pela escola de Medicina de Mount Sinai, em Nova Iorque, e adaptado para a população portuguesa pela equipa do hospital de braga e da Universidade do Minho.

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