Os produtos de canábis estão cada vez mais potentes e diversificados, ao mesmo tempo que a colaboração entre grupos criminosos de tráfico está a aumentar e a criar novos riscos de segurança na Europa, segundo um relatório divulgado esta quinta-feira.
De acordo com uma análise conjunta do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência e da agência das polícias europeias (Europol), o mercado de canábis é o maior de droga ilícita na Europa e tem um valor monetário de tráfico estimado "em pelo menos 11,4 mil milhões por ano".
Os dados revelam um aumento significativo na potência dos produtos de canábis, tendo a potência da canábis herbácea na União Europeia (UE) aumentado cerca de 57% entre 2011 e 2021, enquanto o grau médio da resina subiu quase 200% no mesmo período, "levantando preocupações adicionais para a saúde dos utilizadores".
O relatório a que a agência Lusa teve acesso refere que os produtos derivados da canábis estão cada vez mais diversificados e, embora a erva e a resina do haxixe ainda dominem o mercado, grassa uma gama de canabinoides naturais, semissintéticos e sintéticos, disponíveis em muitas formas, que incluem óleo, uma variedade de outros extratos de alta potência conhecidos como "concentrados", produtos "vaping" (fumo eletrónico a vapor) e comestíveis.
Cada vez mais, no mercado retalhista, estratégias de marketing comercial estão a ser utilizadas, tanto offline como online, para anunciar e vender produtos, adianta o documento.
Alguns produtos de canábis, incluindo a herbácea, são agora contrabandeados para a UE a partir da América do Norte, enquanto Marrocos continua a ser o maior fornecedor de resina (haxixe) para a Europa, havendo contudo sinais de que a produção de resina na UE pode estar a aumentar.
Este panorama é uma "mercado atrativo" para a criminalidade grave e organizada, ao mesmo tempo que o seu consumo origina problemas de saúde pública e que a pegada de carbono do cultivo desta droga tem um forte impacto ambiental.
O documento acrescenta que o comércio de canábis na Europa "envolve uma vasta gama de redes, que incluem criminosos da UE e de países terceiros, altamente cooperativas, especialmente a nível grossista, partilhando recursos, construindo parcerias e prestando serviços desde a produção até à distribuição".