Quando falamos em lepra, geralmente a associamos a uma doença do passado, causadora de infeções cutâneas e altamente contagiosa e temida. É uma das doenças mais antigas do mundo, com registos desde 1.400 a.C., mas ainda não foi totalmente erradicada em alguns países. A OMS classifica a lepra como uma doença “incomum, mas generalizada”, isto porque, todos os anos são verificados 200.000 novos casos em todo o mundo. Portugal, assim como todos os países ocidentais, erradicou a lepra, mas ainda existem casos, porque são importados, explica a médica infecciologista do Hospital Egas Moniz, Isabel Aldir. Assim, relembramos o que é a lepra, quais os sintomas e se há motivos para alarme.
O que é a lepra?
A lepra, também conhecida como Hansen, é uma doença tropical negligenciada infecciosa, de acordo com a Associação Portuguesa de Amigos de Raoul Follereau.
A doença é formada por uma bactéria que é caracterizada por um crescimento lento, o que significa que os sintomas podem ocorrer semanas ou meses depois da infeção. A lepra atinge maioritariamente a pele e “pode afetar os nervos, provocando formigueiros”, explica a infecciologista Isabel Aldir.
De acordo com a OMS, a lepra afeta principalmente pessoas que vivem em países mais carenciados, em condições de pobreza extrema e que têm dificuldade em aceder a serviços de saúde básicos.
Quais os sintomas a que devemos estar atentos?
A pessoa infetada começa a aperceber-se de alterações na pele, como perda de pigmentação que, geralmente, é o primeiro sinal que se deve ter em conta, indica a infecciologista Isabel Aldir.
Portanto, é comum o desenvolvimento de erupções cutâneas que não desaparecem e protuberâncias características.
Como se propaga?
À SIC Notícias, a infecciologista do Hospital Egas Moniz refere que a propagação é realizada por três vias:
. respiratória, através de gotículas expelidas do nariz ou boca de uma pessoa infetada;
. contacto físico e prolongado com uma pessoa infetada;
. contacto com animais infetados.
Cuidados a ter
Apesar da doença ser curável, muitas pessoas no mundo continuam a ser diagnosticadas com esta condição. Como se trata de uma doença transmissível o importante é ter cuidado com a higiene, como a lavagem de mãos, por exemplo.
Há razões para alarme?
Questionada se há motivos para alarme, a especialista em doenças infecciosas responde “não”. O tratamento atual é eficaz e é prolongado, tendo uma duração mínima de seis meses e máxima de 24 meses, dependendo dos sintomas que o paciente apresenta. Aos infetados são receitados antibióticos.
A infecciologista Isabel Aldir alerta para a importância do diagnóstico precoce, pois quanto mais tempo estiver infetado pior, pois haverá um aumento de complicações.
Se a doença não for tratada, os danos nos nervos poderão resultar em graves lesões nas mãos e nos pés, paralisia e cegueira em casos mais graves.
Diagnosticada a doença, não há necessidade de confinamento ou isolamento.
“O doente tem apenas de seguir regras básicas”, explica a médica Isabel Aldir.
A pessoa infetada tem de evitar contactos. Mesmo durante o tratamento, há risco de transmissão, mas tende a ser mais baixo.