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Revolução na investigação? Cientistas usam vermes em vez de ratos

Uma equipa de cientistas nos Países Baixos está a revolucionar a investigação ao utilizar vermes como alternativa aos tradicionais ratinhos de laboratório. Estes pequenos organismos, com apenas alguns milímetros de comprimento, estão a revelar-se surpreendentemente semelhantes aos seres humanos em termos neurológicos.

SIC Notícias

Apesar da aparência viscosa, possuem olhos e um sistema nervoso com dois hemisférios cerebrais. Usam dopamina e serotonina. Chamam-se planárias e são vermes. A comunicação celular nestes organismos é feita com neurotransmissores semelhantes aos dos seres humanos e isto torna-os candidatos ideais para os testes iniciais de substâncias que afetam o cérebro.

Para Roger Adan, membro do Comité de Ética os Testes em Animais, trata-se de um enorme avanço para a ética na ciência.

Em 2023, foram realizados cerca de 413 mil testes em animais, maioritariamente em peixes, ratos e ratinhos. A introdução das planárias pode reduzir significativamente esse número.

"Se já se observar efeitos negativos nos vermes, talvez nem seja necessário avançar para testes em mamíferos"

Além disso, ao testar diferentes doses em vermes, é possível reduzir o número de ratos necessários para estudos posteriores em humanos.

As planárias são famosas pela sua capacidade de regeneração. Se forem cortadas ao meio, regeneram automaticamente a cabeça ou a cauda. Este processo é semelhante ao desenvolvimento embrionário humano, o que permite testar o impacto de medicamentos na gravidez.

"Corta-se a cabeça, aplica-se o medicamento e observa-se se conseguem regenerar ou se surgem defeitos."

Este avanço pode representar uma revolução na forma como se realizam testes laboratoriais e promover uma ciência mais ética, eficiente e inovadora.

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