Professores checos trabalham nas férias para compensar baixos salários
Durante as férias escolares, muitos professores na República Checa trocam as salas de aula por castelos, restaurantes e até táxis. Apesar da perceção de que os docentes aproveitam este período para descansar, a realidade é bem diferente para uma parte significativa da classe.
Com salários baixos, muitos recorrem a trabalhos sazonais para complementar o rendimento. Lukáš Recht, professor de educação física numa escola básica em Ondřejov, conduz táxis nos cerca de 40 dias nas férias de verão.
"Conduzo principalmente estrangeiros em Praga, mas também cidadãos checos. Trabalho entre 12 a 13 horas por dia e consigo ganhar cerca de 40 mil coroas (1.600 euros) por mês."
Como professor, Lukáš Recht, recebe cerca de 28 mil coroas mensais, o equivalente a 1.100 euros, valor que não chega para pagar as despesas básicas.
Outros docentes optam por empregos em restauração ou em campos de férias. Vanesa, professora e mãe solteira na região de Zlín, trabalha como empregada de mesa das 14h00 às 22h00, metade das suas férias.
"Tenho dois filhos e, por vezes, é difícil chegar ao fim do mês."
Para alguns, o trabalho sazonal é também uma paixão. Martina Studinská, professora com 40 anos de carreira, guia turistas em castelos.
"Gosto de história, de pessoas e mantenho o contacto com crianças. É quase como continuar na minha profissão."
Martina gosta do trabalho de verão, mas admite que precisa deste rendimento extra para poder usufruir de férias ou atividades culturais.
A instabilidade salarial está a afastar os jovens da profissão. Luboš Zajíc, da Associação de Escolas Básicas, e Jiří Zajíček, da União das Associações Escolares acreditam que não há motivação para ensinar.
"O problema de atrair professores qualificados está a agravar-se. O governo prometeu, mas não está a cumprir."
O Ministro da Educação, Mikuláš Bek, reconhece que a promessa não foi cumprida devido a mudanças estruturais em 2021, mas garante que o governo está a tentar resolver o problema.
Os professores checos continuam a ganhar muito abaixo da média europeia. Em países como a Alemanha, os docentes recebem mais do dobro do que os seus colegas checos.
Apesar de o presidente da União de Professores, František Dobšík, considerar que os casos de trabalho extra são excecionais, a realidade no terreno mostra uma tendência crescente de professores a procurarem fontes alternativas de rendimento uma consequência direta da desvalorização da profissão.
Filme de terror com professora choca pais em escola de Liubliana
Um filme de terror criado por alunos do 9.º ano de uma escola de Liubliana, na Eslovénia, está a gerar forte polémica entre pais e autoridades educativas. A curta-metragem, exibida durante a festa de final de ano com o tema dos Óscares, mostra uma professora ensanguentada a perseguir e "matar" alunos com uma motosserra, uma encenação que muitos consideraram de extremo mau gosto e completamente inapropriada.
Com cerca de dois minutos de duração, o filme apresenta imagens de alunos cobertos de sangue, deitados em carteiras e corredores, enquanto um grupo de raparigas tenta fugir da professora assassina. A encenação, embora fictícia e inserida no género de terror, foi recebida com choque por vários encarregados de educação, que a consideraram uma "recriação inaceitável de um massacre escolar".
"Assistimos a uma professora a matar crianças num filme. Isto é inaceitável, especialmente numa altura em que tragédias semelhantes ocorrem em países vizinhos."
Marija Fabčič, diretora do Departamento de Educação Pré-Escolar da Câmara Municipal de Ljubljana, também reprovou o filme de terror.
"Estou sem palavras. Considero esta abordagem totalmente inaceitável e inadequada, sobretudo neste momento. Foi um erro de julgamento das professoras, que não se pode repetir."
Apesar da controvérsia, alguns pais defendem o projeto e elogiam o esforço e a criatividade dos alunos. Uma mãe das mães afirmou que os filmes, que incluíam géneros como comédia e terror, foram bem recebidos por muitos e que os momentos mais assustadores até provocaram gargalhadas na plateia.
No final da celebração, cada aluno recebeu um "Óscar escolar" pela característica que melhor representava o seu trabalho.
A direção da escola já tomou medidas e garantiu aos pais que situações semelhantes não voltarão a acontecer. Para alguns pais a garantia é insuficiente, exigem a suspensão das professoras envolvidas e da própria direção da escola.
“Tiraram-me tudo: dinheiro, passaporte, telemóvel. As portas estavam trancadas”
Um novo site de apoio a vítimas de seitas e grupos coercivos foi lançado nos Países Baixos, com o objetivo de oferecer suporte a quem viveu experiências traumáticas em contextos de manipulação espiritual e psicológica.
Durante 18 anos, Geertje fez parte de um culto religioso, num período em que se encontrava particularmente vulnerável. Tudo começou após um casamento marcado por abuso e opressão.
"Tive cinco filhos, nem sempre por vontade própria. Já não conseguia dizer que não. Tinha muito medo do meu marido."
Foi nesse contexto que ouviu falar da Igreja de Deus, liderada por um homem chamado Sipke Vrieswijk. Acolhida com simpatia e palavras doces, Geertje sentiu-se aceite e convencida de que era "a vontade de Deus" estar ali.
"Eles foram muito simpáticos comigo. Disseram que havia lá um profeta, e que os cultos eram maravilhosos."
No início, o marido e os cinco filhos acompanharam-na. Geertje esperava que o profeta ajudasse o marido a mudar.
"Disseram que as mulheres cansadas podiam ficar lá uns dias a descansar. Fiquei, e ele voltou com os miúdos. Deram-me drogas. Sentia-me no céu."
O ambiente acolhedor deu lugar ao controlo total. Após três meses, as drogas foram abruptamente retiradas. Geertje caiu num vazio emocional e passou a ser alvo de abusos físicos, emocionais e sexuais.
"As rédeas apertaram-se. Já não podia fazer nada. Tiraram-me tudo: dinheiro, passaporte, telemóvel. Estava exausta. As portas estavam trancadas."
A saída só foi possível quando o líder do culto foi preso. Mais tarde, Geertje reconstruiu a sua vida, tornou-se professora de música e conheceu Eef, o homem que a ajudou a libertar-se completamente da influência da seita.
Agora, apoia quem sofreu como ela. O novo site nos Países Baixos representa um passo importante para dar voz às vítimas e oferecer-lhes uma rede de segurança.
Indiana Jones da Arte resolve roubo com mais de 10 anos
Um detetive especializado em arte solucionou um roubo de documentos históricos que passou despercebido mais de uma década. Entre os artefactos devolvidos estão um relatório da primeira reunião da Companhia Holandesa das Índias Orientais, datado de 1602 e classificado como Património Mundial da UNESCO, e um diário de bordo de uma batalha naval em 1641 escrito por Michiel de Ruyter, um dos maiores heróis navais dos Países Baixos.
Arthur Brand é um reconhecido detetive de arte dos Países Baixos. Já recuperou quadros de Van Gogh e peças furtadas de várias instituições históricas. A fama por toda a Europa já lhe valeu o título de "Indiana Jones da Arte". Desta vez, Arthur Brand resolveu um roubo que ninguém sabia que aconteceu.
O detetive recebeu o telefonema de um desconhecido que lhe pediu para avaliar uns documentos encontrados ao esvaziar a casa de um familiar. Assim que olhou para a caixa que lhe foi entregue, Arthur Brand não teve dúvidas da importância dos documentos e alertou a polícia.
O caso tornou-se mais insólito quando se percebeu que ninguém tinha dado pelo roubo. Os responsáveis pelo Arquivo Nacional dos Países Baixos, um dos mais importantes do mundo, julgavam que as peças, roubadas em 2015, nunca tinham saído das suas instalações.
"É um tesouro da história neerlandesa. O relatório da primeira reunião da Companhia Holandesa das Índias Orientais marca o início da Idade de Ouro. O diário de bordo de Michiel de Ruyter descreve a sua primeira experiência naval, são verdadeiras obras-primas que estavam naquela caixa."
Os documentos históricos, que relatam uma parte importante da história do país, já foram devolvidos do Arquivo Nacional dos Países Baixos.
Osso de urso pode mudar a forma como entendemos a História da Humanidade
Será que um osso com 60.000 anos pode mudar o que sabemos dos Neandertais? A resposta pode estar na nova exposição do Museu Nacional da Eslovénia. A flauta encontrada, numa caverna em Divje Babi, é, segundo um grupo de arqueólogos eslovenos, o instrumento musical mais antigo do mundo.
Desde a sua descoberta, a peça arqueológica gerou controvérsia: seriam os orifícios no osso feitos por humanos ou marcas deixadas por animais? Após 30 anos de investigação, a teoria de que os buracos foram feitos por animais foi descartada. Boštjan Laharnar, curador de pré-história do Museu Nacional da Eslovénia, defende que já não há razões para duvidar.
"O caso está, na minha opinião, completamente provado. A investigação científica provou que se trata de um artefacto humano e, mais do que isso, de um instrumento musical."
O músico Boštjan Gombač já experimentou a flauta e conseguiu tocar quatro tons distintos.
Para a Eslovénia, agora há outro desafio: transformar a relíquia num símbolo nacional e numa alavanca para o turismo, a cultura e a economia.
A flauta Neandertal de Divje Babi é o ponto central da nova exposição do Museu Nacional da Eslovénia. Mateja Kos Zabel, a diretora do museu, destaca a importância e o potencial desta descoberta.
"É nosso dever promover esta flauta, colocá-la no mapa e na consciência das pessoas."
E se a Eslovénia tivesse agora a ousadia de se apresentar ao mundo como o berço da música?
Jovens protegem o futuro da Amazónia
Uma viagem de barco, 11 crias de peixe-boi, 18 tartarugas libertadas e uma missão: proteger a vida selvagem da Amazónia. O projeto junta este verão estudantes de Medicina Veterinária de todo o Brasil.
No coração da floresta amazónica, no oeste do estado do Pará, os jovens estudantes vivem uma aventura que nunca vão esquecer. A bordo de um barco, viajam por rios e matas até ao Igarapé do Costa, onde se encontra a base flutuante do Projeto Peixe-boi-da-Amazónia, um verdadeiro santuário para uma das espécies mais ameaçadas da região.
Em contacto direto com a natureza na Amazónia, aprendem a cuidar, alimentar e preparar os peixes-boi, mamíferos aquáticos, para o regresso à natureza. Débora Brach é estudante de São Paulo e vive a aventura com emoção e entusiasmo.
"Nunca imaginei estar dentro de água com animais selvagens. Os peixes-boi são maravilhosos. Estar com eles é incrível."
Esta experiência é muito mais do que uma oportunidade de aprendizagem, é também um trabalho de reabilitação e sensibilização. Segundo o veterinário Jairo Moura, os animais estão numa fase de aclimatação à água do rio, com características muito diferentes da água de cativeiro. Este processo é essencial para garantir a sua sobrevivência em liberdade. A estudante Cecília Videira destaca a importância da educação ambiental.
"Muitas comunidades ribeirinhas não têm o mesmo carinho pelos animais. Através da educação, podemos despertar esse amor e garantir uma conservação mais eficaz."
Além dos peixes-bois, 18 tartarugas, tracajás e tartarugas-da-Amazónia, foram devolvidas ao habitat natural. O momento da celebração esconde muitos anos de trabalho de associações com a ZooUnama. Há 15 anos na região, Hipócrates Chalkidis lembra que há sempre um longo processo de resgate e recuperação.
"Depois de seis, sete anos de trabalho, estamos a mostrar o processo final de reabilitação destes peixes-boi. Agora começa uma nova etapa: a libertação e uma nova vida para estes animais."
Esta ação com estudantes de Medicina Veterinária representa um passo gigante na proteção da biodiversidade na Amazónia e uma inspiração para todos os que acreditam que é possível mudar o mundo, um animal de cada vez.
Repórteres do Mundo mostra as diferentes perspetivas e a diversidade cultural em reportagens das mais de 40 televisões parceiras da SIC. Sábado, às 15h30, na SIC Notícias.