Funcionários administrativos, jovens mães, trabalhadores de transporte marítimo ou consultores de TI, a Alemanha está a mobilizar-se para se preparar para uma possível guerra.
“Pisaram todas as linhas vermelhas que traçámos depois da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, ou seja, não executar prisioneiros, não torturar, não violar.”
Depois da Rússia ter invadido a Ucrânia, o governo alemão comprometeu-se a transformar as Forças Armadas e anunciou um investimento de 100 mil milhões de euros. As capacidades militares estão a ser reforçadas com novos equipamentos e treinos militares intensivos. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, defende a necessidade de garantir a segurança nacional.
“Estamos a enfrentar uma ameaça real e precisamos de estar prontos para qualquer eventualidade.”
A parte mais secreta da resposta da Alemanha chama-se Oplan (Operação Alemanha). O Tenente-General Andre Bodemann é o arquiteto do plano. Em mais de mil páginas são detalhadas todas as instruções para proteger as infraestruturas críticas, mobilizar as forças alemãs e ajudar na mobilização da NATO.
“Não creio que estejamos em guerra, mas já não estamos a viver em paz. Estamos entre as duas. A desinformação, os ciberataques, a espionagem e a sabotagem também são ameaças.”
As Forças Armadas da Alemanha têm 179 mil militares no ativo. Estão em 6.º lugar na NATO, depois de Estados Unidos, Turquia, Polónia, França e Reino Unido. Mas, para os líderes alemães, este número não é suficiente. A ambição é chegar aos 203.000 até 2031.
Europa em alerta aumenta investimentos na defesa
Desde o início da guerra na Ucrânia, a Europa aumentou o investimento na defesa. Um investimento que irá crescer ainda mais com Donald Trump na Casa Branca. O Presidente dos Estados Unidos já disse que não vai pagar mais pela segurança europeia.
Até agora, os europeus compravam 60% do armamento na América, mas o cenário mudou e a indústria europeia está a recuperar terreno.
A Thales, a maior empresa de defesa dos Países Baixos, é um exemplo deste crescimento. É especializada em radares de defesa que podem ser usados para detetar a origem e o destino de granadas, monitorizar o espaço aéreo e identificar drones.
Há dez anos, a Thales teve de reduzir significativamente o seu tamanho devido à falta de encomendas, agora está a crescer rapidamente, com mais funcionários e maior capacidade de produção. No entanto, ainda há muitos interesses nacionais que levam os países a preferirem encomendar às suas próprias indústrias, em vez de colaborarem entre si. O antigo comandante da NATO, Ben Bekkering, alerta para a necessidade de cooperação.
“A Europa terá de ser capaz de agir de forma mais poderosa, o que significa reduzir as suas dependências e fazer mais por si mesma.”
A produção na Thales triplicou nos últimos dois anos e pode aumentar ainda mais, se for necessário. Os exemplos de cooperação, como o radar multimissão que foi encomendado por países como Dinamarca, Noruega e Lituânia, são promissores, mas ainda não são suficientes. São necessários melhores acordos europeus para aumentar ainda mais a produção de radares e outros sistemas de defesa.
Quanto pode custar a Gronelândia?
Em 1803 os americanos compraram o Louisiana à França, 64 anos depois compraram o Alasca à Rússia e em 1917 compraram à Dinamarca as ilhas que hoje são as Virgens Americanas.
Com base nestas aquisições históricas, um jornalista dos Países Baixos tentou fazer as contas. A resposta não é clara e aponta um valor que pode ir de 188 milhões a 3,6 mil milhões de dólares.
Quando se juntam variáveis como crescimento económico, receitas fiscais ou recursos naturais o valor parece ainda mais difícil de calcular. E se fosse estabelecido um preço, a quem deveria Donald Trump entregar esse dinheiro?
Oceanos estão a aquecer quatro vezes mais depressa do que há 40 anos
O dado alarmante foi revelado por um estudo publicado por investigadores de uma universidade britânica na revista "Environmental Research Letters".
A temperatura dos oceanos aumentava a um ritmo de 0,06 graus Celsius por década no final dos anos 80. Atualmente, esse aumento é de 0,27 °C por década. Segundo os investigadores, o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, como o CO² e o metano, está entre as principais causas.
O Capitão Alexis Grattz Bonilla, diretor do Centro de Investigações Oceanográficas e Hidrográficas da Autoridade Marítima Colombiana, explica as consequências.
“A acidificação da água provoca mudanças nos habitats de muitas espécies marinhas. Certas espécies de peixes e corais, cujo habitat é determinado por uma temperatura ou pH específico, migram para águas mais profundas ou geram um desequilíbrio na cadeia alimentar, levando algumas espécies à extinção.”
Estas condições vão gerar climas mais intensos, adversos e prolongados em determinadas épocas do ano. Na Colômbia, o impacto sente-se tanto no clima quanto nos recursos pesqueiros.
Para combater o aquecimento, o estudo recomenda reduzir as emissões globais de carbono e avançar em direção à neutralidade.