A meio de setembro, menos de uma semana foi suficiente para o fogo consumir 126 mil hectares, estimativa do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Deixou em cinzas património e destruiu vidas.
Mas o passar das chamas não deu tempo ao descanso porque logo depois do inferno veio a tempestade. E se a chuva limpou o perigo do fogo, uma floresta despida de vida, tornou-a também uma ameaça.
No rio Vouga, as máquinas avançaram para tentar criar uma barreira para segurar as cinzas. Uma operação experimental aplicada em mais dois afluentes. A ideia foi proteger o abastecimento de água a 400 mil pessoas servidas pela captação do carvoeiro.
Já na floresta, urge o tempo para estabilizar os solos. Mas há ameaças que ainda vão demorar a surgir das cinzas que invadem a paisagem.
Quem viveu de perto as dificuldades, reconhece progressos nos últimos anos, em meios e prevenção, ainda assim, a tragédia não foi evitada.
Mas se há quem afirme que um grande incêndio pode ser uma oportunidade para mudar a floresta, há quem o tenha posto em prática. Em Arganil, cinco milhões de euros de mecenato suportam um projeto a 40 anos que quer mudar as encostas da Serra do Açor ardidas em 2017.
No interior rural, para quem resiste, as cores da floresta desta vez, intocada pelo fogo, marcam ainda a esperança de que há futuro por aqui, e que o avanço que parece imparável do ciclo do fogo possa de alguma forma ser domado…