Augusto Santos Silva anunciou esta quarta-feira que não vai avançar com uma candidatura à Presidência da República por "não ter a capacidade abrangente e agregadora necessária", contudo, defendeu que “a melhor candidatura possível” seria a de "uma personalidade independente, oriunda da sociedade civil, que possa colocar em cima da mesa os temas que nós temos que discutir na campanha presidencial”.
No "Importa-se de Repetir?" desta semana, Bernardo Ferrão considera que a declaração de Augusto Santos Silva foi "pouco lógica" e que o socialista "criou um tabu para acabar com uma coisa que não é nada".
"Parece-me que há uma elite do PS, de que ele faz parte, que abomina António José Seguro porque há um histórico de Seguro como alguém que não quis aceitar o que foi o legado de José Sócrates", afirma.
Para Bernardo Ferrão, esta elite levou o partido ao "lugar onde está hoje": "Fragilizado e atrás do Chega".
Já Ângela Silva diz que a decisão foi "sensata" porque se "liberta a si próprio" e poupa uma ala do PS a uma "enorme humilhação" ao ter um mau resultado.
A jornalista do Expresso refere que o ex-presidente da Assembleia da República tinha o sonho de avançar para Belém, mas percebeu que não tinha condições. Porém, "não se limitou a dizer que não é candidato", pré-anunciou uma candidatura que fosse "mais abrangente e à esquerda".
Paulo Baldaia, comentador da SIC, diz que há uma parte do PS que "teima em mandar" mas não se chega à frente.
"Aquilo que estão a fazer é transformar uma eleição unipessoal numa derrota do PS, dividir o PS, fomentar uma divisão (...). Imaginar que o PS apoiasse Sampaio de Nóvoa contra António José Seguro arrasaria o partido", defende.
"Importa-se de Repetir?" é o novo espaço de análise política da SIC Notícias, com Bernardo Ferrão, Ângela Silva e Paulo Baldaia, emitido todas as quartas-feiras na Edição da Noite. Em cada episódio, uma declaração da atualidade que tenha gerado dúvidas ou causado perplexidade é escolhida para debate e reflexão.