Geração 70

Isabel Gordo: “Tenho medo que a máquina tenha o poder de decisão”

Isabel Gordo sempre quis perceber a origem da vida. Nos últimos anos mostrou ao mundo “que as bactérias mudam mil vezes mais rápido do que pensávamos". Hoje, fala sobre os perigos, receios e potencialidades das novas tecnologias e da “pandemia silenciosa”.

Ricardo Lopes

Bernardo Ferrão

Mariana Óca Ferreira

Nasceu em 1975, no Alentejo. A infância foi “comedida” e sem grandes luxos na pequena vila de Alter do Chão, em Portalegre. Os pais tinham a 4ª classe, mas queriam oferecer aos filhos o futuro que não tiveram.

Isabel chora quando recorda o dia em que chegou à Universidade de Edimburgo e cumpriu um sonho: “somos três irmãos doutorados de pais com a 4ª classe”.

Da infância recorda ainda a forma entusiástica como comemorava o 25 de abril. Hoje, diz que o coração é de esquerda e a cabeça de direita.

“A minha mãe conta que cada vez que comemorávamos o 25 de Abril eu ia para a rua gritar: Somos livres, somos livres de sonhar”.

O primeiro livro que leu chegou-lhe pela carrinha da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian. Hoje, Isabel Gordo é investigadora principal do Instituto Gulbenkian de Ciência, trabalha na área da Microbiologia e estuda a bactéria.

“Sempre quis voltar para o meu país”

Na escola, ainda em Portalegre, era a menina que devorava o “Cosmos”, de Carl Sagan, ou “Uma Breve História do Tempo”, de Stephen Hawking. “Sempre quis saber onde se estudava a origem do Universo e da Vida."

Portugal parecia demasiado pequeno para “perceber a origem da vida”. Doutorou-se em Genética Evolutiva na Universidade de Edimburgo, na Escócia, mas o coração esteve sempre em Portugal. “Sempre quis voltar para o meu país, sabia que era o meu caminho”.

Não esquece a primeira vez que entrou na Universidade de Edimburgo e como sentiu que aquele passo era o “culminar do sonho” dos pais.

Geração 70 é uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam. Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão.

Esta conversa pode também ser ouvida em podcast.

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