Nuno Neves, que inicialmente estudou eletrónica, não resistiu à herança dos antepassados. Deu continuidade ao trabalho da bisavó, Dona Alicinha, uma figura marcante que, em 1950, após ficar viúva com oito filhos menores, manteve viva a tradição vitivinícola. A parcela de vinhas plantada em 1912, com o apoio de um tio emigrado no Brasil, permanece um símbolo de resiliência e longevidade.
A Quinta do Salvante é hoje referência na produção de vinhos transmontanos, com 14 hectares de vinhas e uma produção de 85 mil garrafas por ano. Além disso, a quinta promove o enoturismo, com visitas guiadas e provas de vinhos, que colocam em destaque as 50 castas autóctones, como a casta Bastardo.
Um dos marcos da quinta é a preservação da técnica do lagar rupestre, uma forma antiga de fazer vinho sem adição de leveduras, onde as castas são esmagadas manualmente. Este método, que remonta à época romana, exige uma grande dedicação e é uma das marcas da Quinta do Salvante. Nuno Neves é o único produtor em Valpaços que mantém viva essa tradição.
A história da família Neves é um exemplo de como as vinhas antigas e o legado do passado podem florescer no presente, abrindo portas para o futuro dos vinhos transmontanos.