Política

Depois de 3 dissoluções de governos, Marcelo fala em "estabilidade apreciável" nos seus mandatos

Questionado sobre as críticas pelas "três bombas atómicas" nos seus mandatos, que Sampaio da Nóvoa qualificou como "uma violência democrática absolutamente imensa", Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “Portugal tem tido uma estabilidade apreciável”.

Marcelo Rebelo de Sousa
JOSÉ SENA GOULÃO

Lusa

O Presidente da República defendeu este domingo que houve "estabilidade apreciável" em Portugal nos seus mandatos, apesar das dissoluções do parlamento, que afirmou terem sido indesejadas, por fatores fora do seu controlo e a terceira "totalmente alheia" à sua vontade.

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição em declarações aos jornalistas durante a oitava e última Festa do Livro no Palácio de Belém, em Lisboa, quando fazia um balanço desta iniciativa, a propósito das críticas que lhe foram dirigidas por António Sampaio da Nóvoa em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF.

“Três bombas atómicas”?

Questionado sobre as críticas pelas "três bombas atómicas" nos seus mandatos, que Sampaio da Nóvoa qualificou como "uma violência democrática absolutamente imensa" que foi "pasto fértil para estes populismos", o chefe de Estado começou por expressar admiração pelo antigo candidato presidencial, que foi seu adversário em 2016.

"Eu não costumo comentar figuras da vida política portuguesa, e muito menos uma pessoa que eu admiro muito, que ainda por cima foi meu adversário há dez anos, e que eu admiro e que acho que tem perfil para poder ser Presidente da República. Depois não quis candidatar-se mais, mas tinha perfil", considerou.

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa falou das suas três dissoluções, justificando-as uma por uma, comparou a situação política portuguesa dos últimos anos com as de outros países europeus e assinalou o tempo de convivência que teve com o anterior primeiro-ministro, António Costa.

"Portugal tem tido uma estabilidade apreciável, porque em dez anos teve verdadeiramente dois primeiros-ministros, um dos quais oito anos e meio. É uma apreciável estabilidade", defendeu.

O Presidente da República referiu que "foi possível haver uma coabitação de um Governo o mais à esquerda da democracia portuguesa depois da revolução com um Presidente de direita", frisou que conviveu com o mesmo primeiro-ministro "durante oito anos e meio", e comentou:

"Se isto não é estabilidade, não sei o que é estabilidade".No seu entender, "os sistemas políticos estão todos muito em crise, nomeadamente os europeus, e Portugal tem aguentado mais do que a generalidade dos sistemas políticos europeus".

Marcelo considera situação na saúde “muito difícil”

O Presidente da República considerou este domingo que a situação da saúde em Portugal é "muito difícil" que "os caminhos para sair dela são cada vez mais apertados" e obrigam a "decisões de fundo muito difíceis".

"A situação é muito difícil, complica-se com o tempo, e as hipóteses, os caminhos para sair dela são cada vez mais apertados, mas têm de ser seguidos", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas durante a Festa do Livro no Palácio de Belém, em Lisboa, voltou a remeter para "a seguir às autárquicas" de 12 de outubro a sua análise sobre esta matéria, referindo que está "a somar dados" e a "ganhar perspetiva".

O chefe de Estado adiantou, no entanto, que considera que os "grandes problemas" do setor da saúde "não são muitos, são poucos, mas fundamentais", e "ou se resolvem esses grandes problemas ou o resto depois acontece".

Interrogado sobre uma notícia sobre o nascimento de um bebé numa ambulância, o Presidente da República comentou: "Quando vejo estas notícias e outras, digo que, havendo por resolver aqueles grandes problemas, podem acontecer estes factos com muita frequência".

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a situação do setor "obriga a decisões de fundo muito difíceis" e, questionado se há falta de coragem política, contrapôs: "Não é um problema de coragem política, é um problema de dificuldade da situação".

Nesta ocasião, o chefe de Estado nunca se referiu à ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

Confrontado com críticas por não falar mais cedo da situação do setor, justificou a sua opção: "Eu estou a somar dados, por um lado. E, por outro lado, a ganhar perspetiva, para ver se aquilo que eu penso, que é o meu ponto de vista, tem justificação ou não. Daqui a mais uma semana ou duas tenho mais razões para achar que tenho justificação".

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