Educação

Faculdade de Medicina admite "lapso" ao pôr "homologado" em vez de "retificado"

Altamiro da Costa Pereira admitiu um 'lapso' na utilização da palavra 'homologado' em vez de 'retificado' num concurso especial de acesso ao curso de Medicina. Defendeu que o processo foi conduzido de boa-fé e negou a existência de atas ou assinaturas falsificadas. 

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

SIC Notícias

O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) assumiu esta terça-feira que houve um "lapso" do vogal do Conselho Executivo que colocou a palavra "homologado" em vez de "retificado" sobre o concurso especial ao curso de Medicina.

"Se os processos estão errados é queixarem-se à Reitoria da Universidade do Porto, porque nos processos não houve alteração recente nenhuma. Há apenas de facto aqui um lapso. Há sim senhor. O meu vogal, o mestre Hélio Alves, talvez fruto da sua ingenuidade, da sua boa-fé, enfim e da sua inexperiência, em vez de pôr a palavra 'retificado', pôs a palavra 'homologado'. Enganou-se. Enganou-se valha-nos Deus", declarou o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, durante uma audição na comissão parlamentar de Educação e Ciência que está a decorrer esta tarde na Assembleia da República
"É um homem que tem trabalhado de forma extraordinária", acrescentou Altamiro da Costa Pereira sobre Hélio Alves, vogal do Conselho Executivo na FMUP.

O diretor da FMUP defendeu que o processo dos 30 candidatos ao curso de Medicina na U. Porto foi conduzido "de boa-fé" e lamentou que o reitor da Universidade não queira resolver um "problema que foi criado pela não homologação do ato legal na FMUP".

Altamiro da Costa Pereira refutou também na audição que tenham existido "atas" ou "assinaturas falsificadas" neste caso.

O reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, disse também hoje que enviou documentos para o Ministério Público, por ter descoberto atas e assinaturas alegadamente falsificadas na FMUP.

"Um crime de falsificação de documentos"

O caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina na Universidade do Porto "passou a ser um crime de falsificação de documentos", declarou o reitor, após ter referido que "a cereja em cima do bolo aconteceu na semana passada quando uma senhora professora" da Comissão de Seleção do concurso especial para o curso de Medicina da Universidade do Porto, "disse que não participou nas atas da Comissão Científica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, nem as assinou".

O reitor também denunciou esta terça-feira que recebeu ameaças físicas contra ele e contra a família no âmbito do caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina.

Segundo António de Sousa Pereira, as ameaças aconteceram antes da publicação de uma notícia em 5 de setembro pelo Expresso, em que o reitor disse ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima de 14 valores.

O diretor da FMUP afirmou que a FMUP não alterou os procedimentos de admissão desde que iniciou o seu mandato.

"Não alteramos os nossos processos desde 2019, desde que sou diretor. Se os processos estão errados é queixaram-se à Reitoria da Universidade do Porto".

Em 2019 não "houve problema nenhum"

Em 2019, entraram 37 candidatos a este concurso especial com "menos de 14 valores" e não "houve problema nenhum", declarou o diretor da FMUP, acrescentando que o concurso especial foi criado no sentido de arranjar médicos com outros "percursos académicos", com uma outra "maturidade".

Os candidatos ao concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Porto manifestaram-se lesados pela universidade, referindo que mudaram de cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram de mestrados.

A 18 de setembro, a Procuradoria-Geral da República confirmou à Lusa que existe um inquérito a correr no Ministério Público relacionado com o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina na Universidade do Porto.


Com LUSA

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